Caiu 75 andares de elevador — e não foi a única vez que enganou a morte nesse dia

Bettmann archive

Betty Lou Oliver

14 pessoas morreram no icónico Empire State Building quando um bombardeiro embateu entre os seus 78º e o 80º andares. Contra todas as probabilidades, Betty Lou viveria mais 54 anos com um recorde do Guinness para gabar.

Quando um bombardeiro, afetado por espesso nevoeiro, embateu por engano no Empire State Building, no dia 28 de julho de 1945, 14 pessoas perderam a vida. Uma delas não foi — por mais incrível que pareça — a jovem Betty Lou Oliver.

Devido a problemas de visibilidade, o avião B-25 Mitchell, que inicialmente tinha como destino o aeroporto de LaGuardia, redirecionou-se para Newark, estabelecendo uma rota de colisão sobre Manhattan.

Desorientado pelo nevoeiro, o piloto aproximou-se do Chrysler Building antes de embater, a 320 quilómetros por hora, no lado norte do Empire State Building, entre os 78º e o 80º andares, exatamente às 09h49.

O impacto foi altamente devastador: os três membros da tripulação a bordo do avião e 11 ocupantes no interior do edifício morreram e, ao mesmo tempo, um incêndio propagou-se rapidamente no local.

Acme Newspictures/Wikimedia Commons

Fotografia do bombardeiro que embateu no Empire State Building, no 78º andar, em 1945.

Apesar da gravidade da colisão, que fez com que um dos motores do avião voasse para o outro lado da rua e outro descesse por um poço de um elevador, a integridade estrutural do edifício permaneceu intacta. O incêndio foi extinto em 40 minutos pelos bombeiros.

“Foi algo que nunca se esquece”, confessou ao New York Times, no 25.º aniversário do desastre, o (na altura) representante dos Serviços de Assistência de Guerra da Conferência Católica Nacional para a Assistência Social, Edmund E. Cummings.

Betty Lou ensina: como enganar a morte duas vezes

A trabalhar como operadora de elevadores no icónico edifício nova iorquino estava a jovem Betty Lou Oliver, de 20 anos. Encontrava-se no 80.º andar quando tudo aconteceu. A força do acidente ejetou-a do elevador em que estava, infligindo-lhe graves queimaduras e ferimentos no corpo.

Seguiria-se um erro crasso protagonizado pelos bombeiros que a socorreram. Betty foi colocada noutro elevador para ser evacuada do local. O que nem Betty nem os primeiros socorristas sabiam era que, dentro de poucos segundos, a jovem enganaria a morte mais uma vez.

Os cabos do elevador que a levaria para fora do edifício estavam gravemente danificados pelo impacto do avião. Momentos depois de o elevador ter iniciado a sua descida, os cabos partiram-se por completo e Betty Lou caiu, com o elevador, uns “infinitos” 75 andares — e viveu para contar a história.

Parecia um milagre: a jovem sobreviveu à queda de mais de 300 metros. Mas há dois fatores que o explicam.

A pressão do ar que se formou no poço provavelmente abrandou a descida do elevador e os cabos enrolados no fundo do poço amorteceram o impacto. Além disso, um amortecedor de óleo no poço também ajudou a atenuar a força da aterragem — apesar de ter atravessado o chão.

Betty Lou saiu do acidente com vários ferimentos graves, incluindo fraturas na pélvis, nas costas e no pescoço. Após uns longos 18 meses de tratamento, recuperou totalmente e viveu mais 54 anos sem nunca falar do assunto: a publicidade “envergonhava-a de morte”, disse ao New York Times o seu marido, em 1970.

Até hoje, o recorde do Guinness de queda livre mais longa sobrevivida num elevador, ao que tudo indica, é seu — embora a sua queda não tenha sido a maior dentro de um elevador.

Em novembro de 2018, um elevador caiu 84 andares no quarto edifício mais alto de Chicago, nos EUA. A única (grande) diferença é que nesse caso, os travões de emergência funcionaram, permitindo a saída dos utilizadores do elevador com pequenas lesões.

Tomás Guimarães, ZAP //

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