Por cada 100 euros de responsabilidades que tem pela frente, o Banco Espírito Santo (BES) tem 2,85 euros para reembolsar.
Esta é uma conclusão que se pode tirar dos dados mais recentes sobre a entidade, referentes ao final do ano passado, que foram divulgados pela instituição em liquidação em Lisboa.
O ativo do BES “mau”, como ficou conhecida a entidade após a intervenção de agosto de 2014, ascendia a 179 milhões de euros no final do ano passado, uma ligeira subida em relação aos 178 milhões do ano anterior, de acordo com o relatório e contas de 2018.
De acordo com o Expresso, aqui estão investimentos feitos em obrigações do Tesouro, bem como as participações financeiras – incluindo no banco americano que está à venda e que este ano, por haver novo falhanço na operação, “custou” mais 2 milhões.
Mas se o ativo subiu, maior agravamento foi registado no passivo. As responsabilidades do BES perante terceiros estavam em 5,99 mil milhões de euros em 2017, aumentando para 6,28 mil milhões em 2018. Estão aqui as responsabilidades com títulos de dívida, como os titulares de obrigações que foram retransmitidas do Novo Banco para o BES “mau” em 2015, por determinação do Banco de Portugal.
Com base nestes números, o ativo cobre 2,85% do passivo. Por outras palavras, o ativo, se fosse vendido ou utilizado nas suas diversas formas, pagaria apenas 2,85% das responsabilidades totais. Sendo assim, o capital próprio do BES – diferença entre o ativo e o passivo – deteriorou-se ainda mais, em 200 milhões de euros, entre 2017 e 2018. O “buraco” supera mesmo os 6 mil milhões de euros.
Esta é uma má notícia para os credores do BES, escreve o Expresso. Na semana passada, ficou a saber-se que a comissão liquidatária do BES, presidida por César Brito, recebeu 32.500 reclamações de créditos, sendo que 4.955 foram validadas.
“O total dos créditos reconhecidos, incluindo capital, juros remuneratórios e moratórios ascende ao valor global de € 5.056.814.588,00, dos quais € 2.221.549.499,00 são créditos comuns e € 2.835.265.089,00 são créditos subordinados, não havendo quaisquer créditos garantidos ou privilegiados”, indica a nota da comissão liquidatária.
Os credores têm esperança de conseguirem algum ressarcimento na recuperação deste ativo. Os credores comuns têm de receber, neste processo, 31,7% do seu investimento, como concluiu a Deloitte na avaliação que teve de fazer à luz da legislação nacional. Se não recuperarem essa percentagem do investimento na liquidação, o Fundo de Resolução é o responsável por assegurar o reembolso, pelo que este veículo, que integra as contas públicas, pode enfrentar custos de 700 milhões de euros.