Bens de Charles Manson disputados em tribunal. Podem valer até 1 milhão de dólares

2

(dv) California Department of Corrections and Rehabilitation

Nesta sexta-feira retorna a um tribunal de Los Angeles, nos Estados Unidos (EUA), a disputa legal de cinco anos sobre a propriedade de Charles Manson. Entre os bens há uma carta escrita pelo assassínio em série, objetos pessoais e os ‘royalties’ das suas canções, que podem valer até 1 milhão de dólares.

De um lado do processo está Jason Freeman, que afirma ser neto de Manson e que é apoiado pelo administrador legal do património. Do outro lado está Michael Channels, um amigo por correspondência de longa data, nomeado como herdeiro do antigo líder do culto “Manson Family” num suposto testamento de 2002.

Em causa estão roupas, guitarras e cartas que estavam na posse de Manson quando este morreu na prisão de Corcoran, na Califórnia, nos EUA, em 2017. Os direitos relativos às canções, à imagem, às biografias e aos documentários autorizados fazem também parte da disputa.

Embora à primeira vista possam parecer objetos sem valor, a verdade é que podem ser adquiridos por valores elevados na comunidade que coleciona itens associados a assassinatos. O património de Manson pode valer entre 400 mil e 1 milhão de dólares, segundo a NewsNation, graças ao fascínio do público.

“Quando Manson estava vivo, era um dos maiores comerciantes e ‘dealers’ do mercado de homicídios”, disse ao Independent Andy Kahan, que desde 1999 é ativista na luta contra a indústria do crime.

“Manson gravou canções atrás das grades, que foram vendidas no mercado”, assim como “cigarros usados”, contou. “Se tivesse o nome Manson, venderia – e, em alguns casos, por muito dinheiro (…). Por mais absurdo que possa parecer (…), a luta pelos seus bens não me surpreende”, referiu.

Os assassinatos de Manson foram tornados públicos em 1969. Antes disso, tinha formado o “Manson Family” em São Francisco, atraindo jovens para viverem com ele numa comuna ‘hippie’. Membros do grupo assassinaram a atriz Sharon Tate e mais oito pessoas.

Os procuradores argumentaram que, embora Manson nunca tivesse ordenado os assassinatos, a sua influência sobre as mulheres e a visão apocalíptica do mundo em que as imergiu fazia dele cúmplice.

No mês passado, o advogado Andy Mayoras disse que o verdadeiro valor dos bens de Manson reside nos possíveis ‘royalties’ de canções e direitos de imagem, que podem “facilmente chegar às centenas de milhares de dólares”.

De facto, a música de Manson teve algum sucesso: uma canção escrita antes da sua condenação foi gravada pelos Beach Boys, enquanto canções do seu álbum “Lie: The Love and Terror Cult” foram adotadas pela banda Guns N’ Roses e apresentadas no filme de Quentin Tarantino, “Once Upon A Time In Hollywood”.

Tarantino disse que só usaria a canção porque os lucros iriam para as famílias das vítimas. Contudo, uma investigação do Daily Mail revelou que os ‘royalties’ podem fazer parte dos bens incluídos no processo judicial de Freeman e Channels.

À NewsNation, o advogado de Channels disse que, ao lutar pelos bens, o seu cliente pretende apenas honrar os desejos finais do amigo. Entretanto, a meia-irmã de Manson, Nancy Claassen, terá desistido do processo em julho, após o juiz ter indicado que não apresentou provas refutando a teoria de Freeman.

ZAP //

2 Comments

  1. É preciso ser um tarado para pagar elevadas quantias por “memorabilia” de um ser tão desprezível quanto Charles Manson.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.