Benfica-FC Porto: o exemplo que o andebol deu (e o FC Porto perdeu, 84 jogos depois)

João Paulo Trindade / SL Benfica

Acabou a invencibilidade interna do campeão nacional, quase três anos depois. Este clássico foi exemplo de desportivismo.

A equipa de andebol do FC Porto perdeu. Muito tempo (mesmo muito tempo) depois da última derrota contra um adversário português, os desaires voltaram neste domingo. Em jogo em atraso, da 13.ª jornada, do Andebol 1, o Benfica venceu na Luz o rival por 36-33.

A equipa lisboeta começou cedo a ganhar alguma margem no marcador, com 4-1. Mais à frente os portistas marcaram cinco golos sem sofrer e conseguiram a reviravolta, estando na frente por 9-12. O Benfica reagiu, equilibrou, mas chegou ao intervalo a perder por 14-15.

O equilíbrio prolongou-se para o início da segunda parte. Até que, depois do empate a 20 golos, o Benfica “disparou” e pouco depois já ganhava por 27-22. Foi consolidando essa vantagem, vencia por 32-26, mas começou a errar no ataque e permitiu uma margem de apenas dois golos (33-31). No entanto, a turma da casa aguentou a recuperação e ganhou por 36-33.

Lazar Kukić, do Benfica, destacou-se neste duelo com nove golos em 10 remates. Foi o melhor marcador.

O Benfica, que está no terceiro lugar do campeonato, reduziu a diferença para o FC Porto, segundo classificado; tem agora 41 pontos e o FC Porto soma 46. O Sporting lidera com 49 pontos – mas o Sporting tem 17 jogos realizados, o FC Porto 16 e o Benfica somente 15.

Percurso interrompido

Começámos este artigo com “a equipa de andebol do FC Porto perdeu”. Só isso já era suficiente para a notícia.

O FC Porto não perdia, em competições portuguesas, desde Maio de 2019. Na altura foi derrotado precisamente pelo Benfica, na última jornada do campeonato (quando já era campeão).

Poucos dias depois, em Junho de 2019, ao vencer nas meias-finais e na final da Taça de Portugal, iniciou um percurso vitorioso que só terminou em Fevereiro de 2022.

Na temporada 2019/20, que contou com menos jogos do que o previsto por causa da pandemia, o portistas ganharam na Supertaça e na Taça de Portugal (um jogo em cada) e, em 26 jogos no campeonato, ganharam 25, permitindo apenas um empate.

Na época passada, o resumo é fácil: venceram sempre. 30 jogos no campeonato, 30 triunfos. Na Taça de Portugal, cinco jogos, cinco vitórias.

A presente temporada estava a prolongar o registo incrível, com vitórias em todos os jogos realizados – 15 no campeonato, dois na Supertaça e dois na Taça de Portugal – até que o Benfica travou esta caminhada.

No total, foram 84 (!) jogos consecutivos sem perder, em competições em Portugal. E, para reforçar esse percurso raro, ganhou 83 desses 84 duelos, empatando apenas uma vez.

Desportivismo

Mas este jogo destacou-se noutro aspecto: o desportivismo. Dois dias depois de outro «clássico», noutra modalidade, que deixou o exemplo que sabemos, este duelo foi marcado por luta até ao fim, sim, por jogadores que deram o máximo até à última buzina, sim, mas também por respeito pelo adversário.

Os jogadores das duas equipas voltaram a mostrar uma boa atitude em campo e voltaram a demonstrar valores positivos num pavilhão: António Areia cumprimentou Bélone Moreira, Alexis Borges (ex-FC Porto) abraçou Daymaro Salina, Fábio Magalhães acertou com a bola na cara de Gustavo Capdeville mas foi logo abraçá-lo, terminando o pedido de desculpas com um beijo na cabeça… São todos colegas na selecção nacional, diga-se.

E não houve qualquer expulsão neste jogo. Nem durante, nem depois.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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