Custou mas foi. O Benfica regressou aos triunfos no Estádio da Luz, perante um Santa Clara que não perdia há cinco jornadas e vendeu cara a derrota.
Os “encarnados” mostraram que, no seu reduto, são uma equipa intranquila, que se precipita e decide mal, e sentiram muitos problemas para rematar com qualidade, encontrar espaços e definir da melhor forma as jogadas.
Os açorianos chegaram ao intervalo na frente, o Benfica deu a volta em dois minutos, com um bis de Darwin Núñez, e o segundo lugar ficou mais perto. Motivos de preocupação, esses persistem.
O jogo começou animado, com excelentes ocasiões desperdiçadas por Darwin e Vertonghen (ao poste), mas foi o Santa Clara a marcar no primeiro lance de perigo que criou, num contra-ataque que teve defesa de Vlachodimos e recarga vitoriosa de Mohebi (20′, confirmado por VAR). Os açorianos tinham tantos disparos quanto o Benfica nesta altura, e os únicos enquadrados (3).
Os “encarnados” tinham muita bola, mas os forasteiros obrigavam os da casa a carrilar o seu jogo pelas alas, com muitos cruzamentos de bola corrida (12) facilmente anulados pelos centrais. Assim, o ascendente era benfiquista, mas a facilidade de remate era do Santa Clara, que chegou ao descanso com os mesmos sete remates que o Benfica, mas com os únicos enquadrados (4). O melhor nesta fase era Barreto, extremo dos visitantes que registava um rating de 6.8, fruto de uma ocasião flagrante criada e cinco desarmes.
O primeiro remate enquadrado do Benfica surgiu apenas aos 60 minutos, e de grande penalidade. O árbitro assinalou falta de Villanueva na área sobre Rafa e, na conversão do castigo máximo, Darwin não desperdiçou. Dez remates depois, finalmente as “águias” acertavam com a baliza. A entrada de Yaremchuk pouco antes – para o lugar do desinspirado Everton – desmontou as marcações do Santa Clara, devido ao seu poder físico, e o 2-1 surgiu dois minutos depois, de novo por Darwin, após assistência do ucraniano.
Finalmente a Luz respirava de alívio. Os lances de ataque continuaram a surgir, mas ou o último passe ou o remate não tinham a qualidade suficiente, pelo que o desperdício dos lances e dos espaços que o Santa Clara ia concedendo nesta fase não tiveram a sequência que as “águias” desejavam. Vitória difícil, pela margem mínima, que permite ao Benfica reaproximar-se de Sporting (4) e Porto (10).
Melhor em Campo
Já leva 18 golos na Liga. O ponta-de-lança uruguaio está em grande forma, correu muito – saiu em claras dificuldades físicas -, causou desequilíbrios, desperdiçou ocasiões… mas aproveitou duas.
Darwin foi o melhor em campo, com um GoalPoint Rating de 6.9, com dois golos, um de penálti, dois remates enquadrados em três, dois passes para finalização e sete acções com bola na área contrária. Falhou uma flagrante na primeira parte, instantes antes do golo açoriano, lance com impacto claro no rating final.
Destaques do Benfica
Álex Grimaldo 6.5 – Um dos jogadores mais utilizados do plantel, o espanhol terminou o jogo exausto. Correu muito, para tentar auxiliar Everton nas missões de ataque, e terminou com cinco passes para finalização, máximo do jogo, fez três passes super aproximativos, acumulou 95 acções com bola e oito recuperações de posse.
Valentino Lázaro 6.5 – Os seus posicionamentos defensivos deixam um pouco a desejar, mas a atacar mostra serviço. O austríaco fez o máximo de cruzamentos de bola corrida (7), um só eficaz, registou 98 acções com bola e ainda recuperou oito vezes a posse.
Rafa Silva 6.3 – O atacante ainda está longe do fulgor de outros períodos, mas mostrou neste jogo uma crescente adaptação às novas ideias. Rafa criou uma ocasião flagrante, somou o máximo de passes ofensivos valiosos (8), foi quem mais passes aproximativos recebeu (14) e foi quem mais faltas sofreu (5), incluindo a da grande penalidade.
Paulo Bernardo 6.0 – Nem sempre decidiu bem, mas o médio teve o condão de se integrar bem nas manobras ofensivas, registando sete acções com bola na área contrária, o máximo a par de Darwin.
Adel Taarabt 6.0 – Cerca de 34 minutos em campo, muita entrega e o condão de abanar um pouco o jogo. Em dois passes para finalização criou uma ocasião flagrante, completou 26 de 29 passes, fez dois aproximativos e completou três de seis tentativas de drible.
Nicolás Otamendi 5.9 – O argentino esteve muito activo, registando o máximo de acções com bola (106) da partida. Destaque para os duelos aéreos, os quais ganhou todos (4), e ainda somou cinco desarmes, máximo com Óscar Barreto (5).
Roman Yaremchuk 5.8 – O jogo estava a pedir o ucraniano. Na primeira parte o Benfica cruzou muitas bolas, mas não havia presença física suficiente para desalinhar as marcações contrárias. Roman entrou, soltou Darwin e impôs a sua lei, terminando com uma assistência e oito passes aproximativos recebidos.
Odysseas Vlachodimos 5.6 – O Benfica voltou a permitir muitas transições rápidas e o grego foi chamado a intervir algumas vezes, terminando com três defesas, duas a remates na sua grande área.
Jan Vertonghen 5.3 – O belga somou o máximo de passes certos (84 em 92), acertou oito de 11 longos e fez 11 aproximativos. Acumulou 99 acções com bola e sete recuperações de posse.
Everton “Cebolinha” 5.2 – Jogo ingrato para a figura da última vitória do Benfica, em Tondela. A Santa Clara convidou o Benfica a jogar colado à linha, tapando qualquer entrada pelo corredor central ou zonas interiores. O brasileiro gosta de explorar essas zonas, pelo que sentiu muitas dificuldades, incluindo nos cruzamentos, os quais não consegue fazer com qualidade com o pé esquerdo. Acabou substituído no arranque do segundo tempo, com três desarmes sofridos, mas com bons números… defensivos: cinco acções defensivas no meio-campo contrário e quatro bloqueios de passe.
Gonçalo Ramos 4.3 – Jogo esforçado do jovem atacante, que foi o mais rematador, com quatro disparos, mas perdeu todos os quatro duelos aéreos ofensivos em que participou e ainda desperdiçou uma ocasião flagrante. Teve a pior nota da noite.
Destaques do Santa Clara
Kennedy Boateng 6.8 – O central teve muito trabalho e foi um dos responsáveis pela nulidade benfiquista pelo ar, uma vez que venceu a totalidade dos seis duelos aéreos defensivos em que participou. Ao todo somou 16 acções defensivas, com destaque para quatro intercepções e sete alívios.
Óscar Barreto 6.3 – O melhor elemento da primeira parte. O reforço deste mercado de Inverno fez três remates, criou uma ocasião flagrante e terminou com cinco desarmes, máximo a par de Otamendi.
Nené 5.8 – O médio açoriano jogou 40 minutos, completou todos os nove passes tentados, fez dois desarmes e foi um dos mais carregados em falta, três vezes, duas em zona de perigo.
// GoalPoint
É um facto, o Benfica está em crise ou, talvez, em transição, mas ao contrário dos seus rivais, não ganhou nenhum jogo via VAR e perdeu alguns por ausência do mesmo VAR. É fácil marcar penaltis contra o Benfica, a favor só porque tem quer se, basta comparar com os rivais.. Os erros de arbitragem, apesar de premeditados, não são a razão para momento do Benfica, mas lá´que ajudam, o facto é óbvio.. Não me lamento, o futebol que se deseja e aceita em Portugal foi demonstrado ontem no Porto.