Um novo estudo vem agora alertar para os perigos da puericultura moderna. De acordo com a pesquisa, os bebés que são alimentados com biberões engolem milhões de partículas de micro plástico por dia.
Normalmente os biberões que são usados para alimentar as crianças, são garrafas de polipropileno que representam 82% dos produtos neste mercado. O polipropileno é um dos plásticos mais usados, e os testes feitos pelos cientistas descobriram que os recipientes usados para preparar alimentos produzem milhões de micro plásticos por litro.
John Boland, do Trinity College Dublin, disse que a equipa ficou “absolutamente pasma” com o número de micro plásticos produzidos pelos biberões pois “os nossos valores situam-se na ordem de um milhão ou milhões”.
“Já me livrei de todos os recipientes de comida que costumava usar e, se tivesse filhos pequenos, modificaria a forma como é feita a preparação do leite em pó”, referiu Boland, acrescentando que “a mensagem é o início da precaução”.
Philipp Schwabl, da Universidade de Medicina de Viena, afirma que “estas descobertas representam um marco importante. “A escala de exposição micro plástica apresentada aqui pode parecer alarmante, mas os efeitos do mundo real sobre a saúde infantil requerem mais investigação”, disse o professor.
Oliver Jones, professor na RMIT University em Melbourne, alertou que os níveis de exposição dos bebés eram apenas estimativas. “Não devemos fazer os pais sentirem-se mal por usarem biberões. No entanto, este estudo ilustra que o problema dos micro plásticos é provavelmente muito maior do que pensamos e é algo que deve estar entre as nossas preocupações”, rematou.
Porém, já era de conhecimento científico que a maior parte das pessoas consumiam micro plásticos através da comida e da água. Por exemplo, o chá em saquinhos e a água potável vendida em garrafas de plástico contém este tipo de produto. Os cientistas estão também preocupados que estes materiais possam transportar patogénios ou produtos químicos tóxicos para o corpo.
Neste sentido, Liwen Xiao, do Trinity College, referiu que o estudo é importante porque “indica que os produtos plásticos que usamos no dia a dia são uma fonte importante de micro plásticos, o que significa que as rotas de exposição estão muito mais próximas de nós do que se pensava”.
O estudo publicado na revista Nature Food em outubro, começou com uma descoberta acidental quando um investigador que estava a desenvolver filtros descobriu que estes ficavam entupidos com micro plásticos.
Para perceber melhor a presença de micro plásticos, a equipa seguiu as diretrizes internacionais de esterilização para elaborar refeições infantis em 10 biberões diferentes. Este processo envolveu a esterilização dos biberões com água a 95º e, em seguida, agitar o leite em pó com água a 70º. As etapas de esterilização e agitação produziram milhões de micro plásticos.
Desta forma, a equipa de cientistas estima que os bebés são expostos a cerca de 2 milhões de partículas micro plásticas por dia durante o primeiro ano de vida, ou seja, quando são essencialmente alimentados por biberões de plástico, explica o The Guardian.
Assim, os cientistas dizem que há uma “necessidade urgente” de avaliar o problema, principalmente por causa das crianças. Assim, a equipa elaborou novas diretrizes de esterilização para reduzir a exposição aos micro plásticos.
Os cientistas sugerem que uma etapa extra de lavagem pode cortar os micro plásticos produzidos durante a preparação do leite. Água fervida num recipiente não plástico e depois arrefecida deve ser usada para enxaguar o recipiente três vezes após a esterilização. O leite também deve ser feito num recipiente que não deverá ser de plástico.
Este método sugerido pela equipa deve “reduzir drasticamente o número de micro plásticos”, disse Boland. “A última coisa que queremos é alarmar indevidamente os pais, principalmente quando não temos informações suficientes sobre as possíveis consequências. No entanto, pedidos aos formuladores de políticas que façam uma avaliação sobre as diretrizes atuais para a preparação de leite em biberões”.
Outras das soluções passa pelo o uso de biberões de vidro, embora estes sejam mais pesados e facilmente quebráveis.