Uma alpinista espanhola, Beatriz Flamini, emergiu de uma caverna em Granada depois de passar 500 dias sem luz natural e sem contacto humano, num feito que poderá ser considerado um recorde mundial.
Flamini, que entrou na caverna aos 48 anos, viveu isolada por mais de um ano e meio como parte de uma experiência monitorizada de perto por cientistas. A experiência tem como objetivo avaliar o impacto do isolamento social e da extrema desorientação na perceção humana do tempo.
A jornada de Flamini na caverna começou ainda antes da invasão russa da Ucrânia e da pandemia de covid-19. Durante o seu tempo na caverna de 70 metros de profundidade, ela envolveu-se em atividades como exercício físico, desenho e tricô de gorros de lã.
A espanhola leu 60 livros e bebeu 1.000 litros de água. Embora Flamini fosse monitorizada por psicólogos e espeleólogos, nenhum dos especialistas teve contacto direto com ela, mantendo-a isolada da interação humana.
Filmagens da estação espanhola TVE mostram Flamini a sair da caverna, sorrindo e abraçando a sua equipa. Quando questionada sobre a experiência, a alpinista descreveu-a como “excelente, imbatível”, embora admitisse ter perdido a noção do tempo após cerca de dois meses.
“Pensei que tinham descido para me dizer que tinha de sair porque tinha acontecido alguma coisa”, disse aos jornalistas, confessando que não sabe nada do que se passou.
“Houve um momento em que tive que parar de contar os dias”, disse a espanhola, estimando que estava na caverna há um período “entre 160 e 170 dias”. Flamini também partilhou alguns desafios que enfrentou, incluindo uma invasão de moscas dentro da caverna e alucinações auditivas, possivelmente devido ao isolamento prolongado.
O impacto do tempo de isolamento de Flamini tem sido de interesse para investigadores. A sua equipa de apoio afirma que ela quebrou o recorde mundial de maior tempo passado voluntariamente numa caverna, embora o Guinness World Records não tenha confirmado a existência de tal recorde.
O atual recorde mundial do Guinness para o “maior tempo sobrevivido preso no subsolo” é de 33 mineiros chilenos e bolivianos que passaram 69 dias no subsolo após o colapso de uma mina no Chile em 2010, atingindo uma profundidade de 688 metros.