COP26 é uma “enorme deceção”. BE e PAN presentes na marcha pela justiça climática

Rodrigo Antunes / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, na marcha Mundial pela Justiça Climática

A coordenadora do Bloco, Catarina Martins, participou na marcha Mundial pela Justiça Climática

Cerca de mil pessoas manifestaram-se em Lisboa, este domingo, numa marcha em defesa de uma maior justiça climática e exigindo mais ação aos líderes políticos mundiais para se definirem medidas concretas para travar o aquecimento global.

Num percurso que começou na praça Martim Moniz e subiu pela avenida Almirante Reis até à Alameda, largas centenas de manifestantes entoaram cânticos de protesto e empunharam dezenas de cartazes e tarjas. Entre estas, algumas alertavam que “Não há planeta B!” e para a “Precariedade planetária”, exigindo aos Governos “Energias renováveis para todos” e que “Não fritem o planeta!”

A concentração foi sempre controlada de muito perto por vários agentes da PSP, que se colocaram tanto à frente dos manifestantes, como no final do cortejo, que condicionou parcialmente durante a tarde a circulação rodoviária nesta artéria da capital.

Convocada pela plataforma Salvar o Clima, a manifestação reuniu várias organizações portuguesas que apelam a cortes drásticos nas emissões de gases com efeito de estufa, a uma transição justa e à justiça climática global, numa iniciativa à escala global para criar pressão sobre a 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26).

A manifestação contou com as presenças da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e da porta-voz do PAN, Inês Sousa Real.

Aos jornalistas, a bloquista disse que a Cimeira do Clima (COP26), que está a decorrer em Glasgow, tem sido uma “enorme deceção”, assistindo-se a um “desfilar de boas intenções”, mas sem “qualquer medida concreta” para a descarbonização ou contra o aquecimento global.

A dirigente do BE referiu que ainda há tempo para se tomarem medidas efetivas, realçando que “quem achar que a força dos ambientalistas não serve para nada desengane-se”, pois a mobilização dos ativistas em todo o mundo é fundamental para salvar o planeta.

“São os ativistas climáticos que estão a fazer a diferença em todo o mundo, que estão a acordar todo o mundo para a necessidade de medidas efetivas”, disse Catarina Martins, congratulando-se com a recente aprovação pelo Parlamento da Lei de Bases do Clima que, sublinhou, impede a prospeção de petróleo e gás natural em território português, “algo que parecia impossível” de alcançar nos últimos anos.

A líder do Bloco salientou que, agora, esta lei “tem de sair do papel” e que é preciso haver investimento na reconversão energética e na descarbonização da economia.

Catarina Martins aproveitou para criticar o Governo por ter assinado recentemente contratos de exploração mineira ao “arrepio da vontade das populações” e garantiu que essa matéria “voltará a debate no Parlamento”, por iniciativa do BE, porque as “populações têm que ser ouvidas”.

“O interior do país tem que ser respeitado, não pode ser o depósito de atividade económica que não se quer. (…) Cá estarmos para fazer essa luta também. A luta climática é também uma luta por justiça social”, concluiu.

“O Governo tem de perceber de uma vez por todas que não há Portugal B. Nós não podemos continuar a tratar o nosso país como se fosse um mero exploratório de determinado tipo de recursos, sem garantir que não preservamos os ecossistemas”, disse também Inês Sousa Real aos jornalistas.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos estão reunidos até 12 de novembro, esta sexta-feira, para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial.

ZAP // Lusa

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