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BCE anuncia mudanças nas taxas de juro e inflação. Custos com casa própria vão pesar mais

Stephen Jaffe / IMF / Flickr

Christine Lagarde, presidente do BCE

Christine Lagarde, presidente do BCE

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou mudanças na forma como vai calcular as taxas de juro e o tecto para a taxa de inflação na Zona Euro que passará a ser mais flexível. O custo com a manutenção da casa será incorporado nos cálculos e o clima será outro factor relevante.

O Banco Central Europeu (BCE) informou que a sua nova estratégia passa por um objetivo de inflação de 2% a médio prazo, mas é uma meta mais flexível que admite desvios temporários e moderados.

O objetivo de inflação definido pelo BCE até agora era uma taxa próxima, mas ligeiramente abaixo de 2%.

Agora, a estratégia passará por tolerar valores acima disso, o que pode ajudar a atrasar uma subida das taxas de juro, se isso for necessário em termos económicos.

Portanto, perante uma potencial crise futura que leve a inflação a passar os tais 2% fixados, “o BCE pode tolerar essa subida e não subir logo as taxas de juro, para refrear a economia e os preços”, como aponta o Dinheiro Vivo. Seria uma forma de ajudar “a economia real no curto prazo”, sustenta ainda a publicação.

Custos com casa própria vão pesar mais na inflação

Outro fator relevante das mudanças anunciadas pelo BCE prende-se com o peso dos gastos relacionados com a habitação no cálculo da inflação na Zona Euro.

Actualmente, esse peso é residual, mas o BCE quer mudar isso, de modo a que os custos de ter casa própria, por exemplo com os consumos de gás, luz e a manutenção, sejam reflectidos no índice de preços no consumidor (IPC).

Estes gastos têm apenas “um peso de cerca de 10%” no IPC, o que distorce a realidade dos consumidores europeus, conforme constata o Dinheiro Vivo.

Até porque 70% dos europeus têm casa própria. Em Portugal, o valor é ainda mais alto, com os proprietários a rondarem os 74%, de acordo com dados do Eurostat citados pela mesma publicação.

O BCE dá, agora, sinais de que esses custos com a casa própria vão pesar mais na taxa de inflacção da Zona Euro. Contudo, a alteração vai levar alguns anos a implementar, em parceria com o Eurostat.

Enquanto isso, o BCE vai orientar a sua política monetária com base em “medidas da inflação que incluem estimativas iniciais dos custos da habitação ocupada pelo proprietário”, como refere o Dinheiro Vivo citando a presidente do BCE, Christine Lagarde.

Alterações climáticas vão influenciar política monetária

O BCE referiu ainda, em comunicado, que vai “integrar mais” as alterações climáticas nas decisões de política monetária, uma prioridade consagrada na sua nova estratégia.

A instituição quer “integrar mais as considerações relativas às alterações climáticas no seu quadro de acção”, nomeadamente na “compra de dívida de empresas e na comunicação e avaliação de riscos“, indicou o BCE em comunicado.

A revisão da estratégia de política monetária do BCE arrancou no início de 2020, mas teve de ser adiada devido à pandemia de covid-19. Assim, em vez de publicar os resultados no final do ano passado indicou que o faria na segunda metade deste ano.

ZAP // Lusa

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