Artista britânico confirmou a autoria da obra que simula a folhagem de uma árvore podada, vista pela primeira vez este domingo, na lateral de um edifício. Nem todos estão contentes.
O artista britânico Banksy confirmou esta segunda-feira, na sua página oficial do Instagram, a autoria de uma obra de arte que surgiu em Londres no domingo, na qual utilizou tinta verde sobre a lateral de um edifício de quatro andares de modo a criar a aparência de uma folhagem por detrás de uma árvore podada, situada poucos metros à frente da parede.
Olhando para a obra de determinados ângulos, a tinta verde alinha-se com os ramos nus da árvore, uma enorme cerejeira, de forma a representar as suas folhas. A obra, localizada no bairro londrino de Finsbury Park, inclui um estêncil, típico do trabalho de Banksy, que ilustra uma pessoa a segurar uma lata de spray a derramar tinta verde.
Uma fotografia do mural foi publicada no perfil oficial de Banksy no Instagram, onde o artista de rua habituou mais de 12 milhões de seguidores à reivindicação da autoria dos seus trabalhos.
Como é habitual, o mais recente projeto do artista despertou enorme interesse e um grande número de curiosos deslocou-se ao local para tirar fotografias e apreciar a nova paisagem.
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Em dezembro, um trabalho do artista que mostrava três drones sobre um sinal de STOP foi removido por um homem não identificado em plena luz do dia. Mais tarde, a polícia efetuou algumas detenções relacionadas ao furto.
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Muitos interpretaram a nova obra, relata a DW, como uma mensagem em defesa do meio ambiente.
“A mensagem é clara. A natureza está a lutar e cabe-nos ajudá-la a crescer de novo”, disse James Peak, criador da série “A História do Banksy” da BBC.
“Se voltarmos ao início do seu trabalho, ele está sempre à procura de algo que possa fazer com o mínimo esforço para fazer algo parecer realmente fixe”, acredita. Mas nem todos estão contentes.
“Estamos aterrorizados”
Os locais que acordaram perante o gigante mural do britânico, nomeadamente aqueles que moram no próprio apartamento, dizem estar aterrorizados pelo efeito nas rendas que a obra pode vir a provocar.
“O Banksy veio durante a noite e agora a minha renda vai disparar“, disse na rede social X James Roebuck, que mora no bloco de apartamentos ao lado, citado pelo britânico The Sun.
O proprietário dos apartamentos agora decorados que comprou por 400 mil libras (cerca de 468 mil euros) em 2012 disse que não vai aumentar as rendas do bloco do lado, mas deixa tudo em aberto em relação a uma possível venda do apartamento desabitado que Banksy pintou.
“A menos que tenhamos um fã enorme do Banksy que esteja preparado para pagar mais do que vale… mas uma propriedade vale o que uma propriedade vale”, começou por dizer Alex Georgiou.
“Podem vir bater à porta se quiserem. Deem-me um número num envelope e quem tiver o maior número pode ficar com ela”, atirou: “Se alguém me oferecesse milhões e ficasse com o edifício e levasse os apartamentos com ele… fiquem à vontade.”
E depois, questionou-se: “o que faço com isto agora?”
“Definitivamente, planeio mantê-lo lá e deixar as pessoas desfrutarem, todos estão a adorar, isso é ótimo. Ainda não consigo acreditar.”
Rebeldia e sátira
Banksy, que nunca revelou a sua identidade, deu início a sua carreira com pinturas e grafittis em edifícios em Bristol, na Inglaterra, e tornou-se um dos artistas mais conhecidos do mundo.
Entre as suas obras, de tom rebelde e, muitas vezes, satíricas estão dois polícias a beijarem-se, soldados com smileys no lugar dos rostos e um chimpanzé a segurar um cartaz que escreve: “ri-te agora, mas um dia estaremos no poder”.
Os seus trabalhos são avaliados em leilões por milhões de euros. Em 2018, uma das suas obras mais conhecidas autodestruiu-se momentos depois de ser leiloada na casa de leilões Sotheby’s, em Londres.
O próprio artista divulgou na sua conta oficial no Instagram uma fotografia do momento em que a obra Girl With Balloon se desfez ao passar por um triturador de papel escondido na parte inferior da moldura, acionado por um alarme.