Um novo estudo revelou que as baleias jubarte não mudam as suas canções através de um processo de aprendizagem cultural. A descoberta contradiz a hipótese de transmissão amplamente aceite que sugere que as baleias aprendem canções umas com as outras.
Nem a transmissão cultural, nem a aprendizagem social contribuem significativamente para que as baleias jubarte mudem as suas canções ao longo do tempo, afirmou Eduardo Mercado, professor de Psicologia da Universidade de Buffalo, citado pelo Futurity.
Até agora, os cientistas pensavam que estas baleias eram os únicos mamíferos, além dos humanos, a mudar progressivamente as canções que cantam graças a um processo de aprendizagem cultural.
Mas o novo estudo, publicado no Journal of Comparative Psychology, contradiz esta teoria.
“Acho que os resultados são provocatórios e vão deixar outros investigadores furiosos”, disse Mercado.
A equipa analisou canções de grupos de baleias jubarte que não estavam em contacto acústico umas com as outras, mas que, ainda assim, continuavam a produzir canções acusticamente comparáveis.
“A ideia de que as baleias jubarte são uma parte distinta do reino animal por causa da sua capacidade de aprender canções culturalmente não é verdade”, constatou o investigador.
“A transmissão cultural implica que o que foi ouvido é copiado. Isso significa que não importa o que é ouvido ou o que é copiado. Contudo, o que encontramos é muito específico e preciso, sem nenhum traço de vocalização arbitrária. As músicas mudam com o tempo de uma forma muito precisa“, explicou.
DJs dos oceanos
Para explicar o processo, Eduardo Mercado comparou as baleias a DJs. “Os DJs não podem passar aleatoriamente de uma música para outra. Têm de pensar na correspondência da batida, no ritmo e no clima para manter um fluxo contínuo”, referiu, traçando um paralelo com estes animais.
É nestas transições que os cientistas encontram semelhanças entre populações sem qualquer contacto social ou ligações genéticas. Basicamente, a batida combina quando as baleias mudam de música.
Mercado diz que os resultados do atual estudo questionam o papel da imitação vocal e da transmissão cultural no canto das baleias jubarte, mas não resolvem um mistério: as canções continuam a mudar e ninguém sabe porquê.
Estar sempre a ouvir a mesma música também não é agradável para ninguém!