Alguns tipos de bactérias conseguem sobreviver no Espaço, podendo mesmo aguentar uma viagem entre a Terra e Marte, confirmou um procedimento experimental levado a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI).
A ideia de que algumas bactérias podem sobreviver no Espaço sideral não é propriamente nova, mas a hipótese de que podem resistir a longas viagens espaciais não tinha sido confirmada até agora, quando uma equipa de cientistas japoneses levou a cabo uma experiência a bordo da EEI, conta o portal Phys.org.
No novo procedimento, batizado de missão Tanpopo, os cientistas demonstraram que colónias da bactéria Deinococcus, altamente resistentes à radiação e a outras condições adversas, conseguiram sobreviver fora da EII durante três anos.
Este tipo de bactéria é encontrada na Terra e é conhecida como a forma de vida mais resistente à radiação no Livro dos Recordes Mundiais do Guiness – é capaz de resistir a 3.000 vezes mais a quantidade de radiação necessária para matar uma pessoa.
Na prática, o novo estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica especializada Frontiers in Microbiology, demonstrou que estas colónias de bactérias podem sobreviver a voos de vários anos em condições adversas.
O sucesso deste procedimento veio dar força à hipótese da panspermia, que sugere que a vida pode ter chegado à Terra a partir de um outro planeta, como Marte.
Esta teoria, que carrega alguma controvérsia, implica que determinadas bactérias tenham sobrevivido a uma longa jornada pelo Espaço sideral, resistindo ao vácuo do Espaço, às flutuações de temperatura e à radiação espacial.
“De uma forma geral, estes resultados suportam a hipótese de que estes aglomerados [de bactérias] funcionem como uma ‘nave’ para a transferência interplanetária de micróbios num período de vários anos”, escreveram no estudo.
Citado pela emissora norte-americana CNN, o autor principal da nova investigação, Akihiko Yamagishi, acrescentou ainda: “Os resultados sugerem que a radio-resistente Deinococcus pode sobreviver durante a viagem da Terra-Marte e vice-versa, que leva vários meses ou até anos na sua órbita mais curta.
Tendo em conta os resultados, Yamagishi defende que “é muito importante procurar vida em Marte”, ainda antes das missões humanas ao Planeta Vermelho, até porque as bactérias da Terra podem representar um falso negativo para a vida neste mundo e pode também atuar como um composto contaminante.