Azeite adulterado: o método português para autenticar o produto

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Há azeites adulterados vendidos em Portugal, surgindo como extra virgem ou virgem apesar de serem misturados com refinados.

Numa fase em que o azeite passou a ser assunto mais frequente, devido à escassez, à subida considerável dos preços e à venda ilegal, a Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM) chama a atenção para os azeites “falsos”.

Há azeites adulterados a serem vendidos em Portugal e na Europa: aparecem como azeite extra virgem ou virgem, mas vêem misturados com refinados. A ideia é estar dentro dos valores normais e vender mais.

E isso – as misturas – nota-se logo na cor e no sabor, avisa o investigador Vasco Santos.

Vasco Santos é o responsável pela investigação que foi publicada na revista npj – Science of Food, do grupo Nature, e apresentou uma forma de combate a essas alterações ilícitas.

O responsável pelo estudo criou um método mais eficaz, rápido e não invasivo de detectar as adulterações.

36 azeites foram analisados: 21 extra virgem, 8 virgem e 7 refinados. Foram comprados, ou em Braga, ou online. Eram de Portugal, Espanha, Itália e Grécia.

As medições usaram técnicas de ressonância magnética no domínio do tempo (relaxometria de NMR multiparamétrica).

Vasco Santos fez uma comparação para se perceber o que aconteceu nesta etapa: “Imagine que está numa orquestra e consegue ouvir os sons de todos os instrumentos. Para ouvir apenas um, seria preciso mudar o domínio do tempo, para o da frequência, e separar o som. Como é do domínio do tempo, temos acesso a toda a orquestra, isto é, vemos se cada azeite tem as caraterísticas certas”.

Ao longo do processo de extracção, foram recolhidas 360 amostras dos azeites, para os resultados serem mais fiáveis.

A classificação de uma garrafa de azeite está relacionada com as propriedades físico-químicas e o processo de fabricação: “Ao aquecer o azeite, este perde propriedades organoléticas, reduz os antioxidantes; já os extra virgem e virgens não sofrem qualquer tipo de aquecimento, logo o nível de acidez é maior”.

Para ter uma medição mais precisa, o especialista português juntou ressonância magnética nuclear no domínio temporal com algoritmos de machine learning, permitindo em minutos identificar e classificar óleos comestíveis.

Assim, consegue revelar a quantidade de ácidos mono e poli-insaturados presentes e, especificamente no caso do azeite, caracterizá-los com base no grau de acidez, fazendo-o até de modo mais sensível e rápido face aos atuais métodos analíticos e de espectroscopia (infravermelho próximo e ultravioleta-visível).

Há outra vantagem nesta inovação: o preço. É uma ferramenta muito barata, assegura a Universidade do Minho em comunicado enviado ao ZAP.

Como é um equipamento pequeno, pode ser decisivo em futuras avaliações de amostras no terreno sobre azeites não rotulados ou que gerem dúvidas.

A inovação pode ser disposta “in line” com o processo de extracção. Assim, “dispensa a remoção da amostra, o encaminhamento para o laboratório ou a sua diluição”, finaliza Vasco Santos.

ZAP //

2 Comments

  1. Sempre que veja em um rotulo de garrafa de azeite a referência “Extra Virgem”…..desconfie. >Em principio está perante um azeite falsificado. As classificações do azeite em Portugal são: Azeite Virgem Extra; Azeite Virgem e +por fim o Lapante que é colocado no mercado na forma de refinado.
    Se quer um bom azeite não compre azeites refinados pois estes possuem na sua composição, químicos para disfarças os defeitos deste azeite. Todo o azeite refinado é considerado de baixo valor em relação aos azeite Virgem Extra e Azeite Virgem.
    Atualmente andam por aí a ser comercializados azeites sem qualquer controlo e a custos muito elevados. Não compre. Aguarde pela próxima campanha que os preços irão cair por força do comercio internacional. Não acredite que existe menos azeitonas. É mentira. A produção em Portugal vai ser bastante superior ao ano passado. Não acreditem em tudo o que é publicitado nas redes sociais.

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