Partiu esta manhã, a partir do aeroporto de Beja, o primeiro avião fretado pela União Europeia com o objetivo de repatriar os europeus que querem sair de Wuhan. Entre esses europeus estão 17 portugueses.
Segundo a TSF, antes de aterrar na China, o Airbus A380, da companhia aérea portuguesa Hi Fly, vai parar primeiro em Paris, em França, e depois em Hanói, no Vietname. Além deste, vão haver mais dois aviões prontos para fazer o repatriamento dos europeus.
Esta aeronave é o maior avião de passageiros do mundo, com capacidade para transportar 471 passageiros distribuídos por três classes ou 800 em classe económica, escreve a rádio.
Ao Jornal de Notícias, a diretora-geral de Saúde (DGS), Graças Freitas, confirmou que iria enviar técnicos para explicar às tripulações portuguesas quais os comportamentos a adotar nestas operações de evacuação.
Itália também vai enviar um avião hoje a Wuhan, sem especificar o número de pessoas repatriadas ou se o protocolo prevê quarentena. Nos próximos dias, Berlim também vai proceder à retirada de cerca de 90 alemães presentes em Wuhan.
A comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakidou, disse que a maioria dos Estados-membros da UE está “muito bem preparada” para lidar com o coronavírus, mas admitiu “financiamento de emergência” para os países darem resposta se necessário.
Também o Governo australiano anunciou que vai retirar os seus cidadãos da cidade para a Ilha Christmas, no Oceano Índico, onde permanecerão em quarentena.
O Japão e os Estados Unidos foram os primeiros países, na quarta-feira, a repatriar centenas de cidadãos que se encontravam em Wuhan, onde o coronavírus 2019-nCoV foi detetado, em dezembro do ano passado.
Bombeiros portugueses sem instruções
Ainda segundo o JN, os bombeiros portugueses ainda não sabem quais são os procedimentos a adotar caso tenham de contactar ou fazer o transporte com pessoas infetadas com o coronavírus.
Segundo o jornal, apesar de serem responsáveis por 85% das respostas a emergências pré-hospitalares, os bombeiros não foram priorizados pela DGS no momento de dar instruções sobre como reagir à doença.
A DGS assumiu que preferiu privilegiar o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), mas que irá avançar rapidamente com “instruções específicas” para esse grupos, mesmo que se tratem apenas de suspeitas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que tem uma direção responsável por tutelar os bombeiros, também se limitou a enviar as informações generalistas que lhe vão chegando para os comandos distritais.
O INEM, até agora o único organismo que elaborou uma ordem de trabalho para os seus operacionais — com cinco páginas que respondem a vários cenários possíveis ,— empurra as responsabilidades sobre a falta de informação no que diz respeito aos bombeiros para a DGS e ANEPC.
Número de mortos aumenta para 170
De acordo com a CNN, que cita a Comissão Nacional de Saúde da China, o número de pessoas que morreram na China aumentou para 170, havendo o registo de cerca de sete mil casos de infeção.
Ontem, a Rússia anunciou o encerramento da sua fronteira terrestre com este país asiático ao tráfego rodoviário e ligações ferroviárias, até 1 de março, para impedir que o coronavírus se dissemine em território russo.
Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França, Finlândia e Emirados Árabes Unidos.
Entretanto, esta manhã, o Ministério da Saúde da Índia anunciou o seu primeiro caso no estado de Kerala, no sul do país. Segundo as autoridades indianas, trata-se de um aluno que estava a estudar na Universidade de Wuhan.
A empresa nacional israelense El-Al anunciou, esta quinta-feira, à semelhança de várias outras companhia aéreas, como a Lufhthansa, que suspendeu os seus voos para Pequim. O IKEA também anunciou que encerrou temporariamente todas as suas lojas na China.
OMS convocou Comité de Emergência
A Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu voltar a convocar, esta quinta-feira, o Comité de Emergência para determinar se o surto do coronavírus deve ser uma emergência de saúde pública internacional.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, justificou a convocação com o “risco de propagação mundial” do coronavírus, reiterando que falar inicialmente de “risco moderado” foi “um erro” na redação do relatório.
Um estudo genético divulgado ontem confirma que o coronavírus terá sido transmitido aos humanos através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que foi infetado por morcegos.
Ontem, cientistas australianos revelaram ter conseguido criar em laboratório uma versão do novo coronavírus. Os dados da amostra vão ser agora partilhados com a OMS. De acordo com o Observador, além de contribuir para a criação de uma vacina, a amostra poderá vir a ser usada para gerar um teste de anticorpos, o que permitiria a deteção do vírus em pacientes que não apresentam sintomas.
ZAP // Lusa
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