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Avenida dos Aliados pode tornar-se a “Avenida da Liberdade do Porto”

A consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W) considera que a Avenida dos Aliados, no Porto, vai tornar-se uma nova Avenida da Liberdade tendo em conta as lojas de luxo que têm interesse em localizar-se naquela localização.

Em apresentação esta quinta-feira aos jornalistas, o diretor-geral da C&W Portugal, Eric van Leuven, e a diretora de research da consultora imobiliária, Andreia Almeida, consideraram que “a Avenida dos Aliados vai tornar-se a Avenida da Liberdade do Porto”.

Segundo os responsáveis, aquela importante avenida do Porto está a captar o interesse das marcas de luxo, havendo já lojas da Tod’s, Burberry e Boutique dos Relógios Plus (no edifício Aliados 107, onde era a sede do antigo jornal “O Comércio do Porto”) e mais negócios estão a ser feitos pelo que mais marcas de luxo deverão abrir lojas naquela via central, acompanhando o dinamismo do mercado turístico e imobiliário.

A Cushman & Wakefield apresentou esta quinta-feira o balanço e as perspetivas do mercado imobiliário em Portugal, no qual estimou que o investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu 3.000 milhões de euros em 2019, semelhante ao valor recorde de 2018.

Em 2020, prevê, o investimento da compra de imobiliário comercial também deverá alcançar um valor semelhante. Quanto a 2019, o setor dos escritórios liderou o investimento, ao atrair 36% do total, seguido do investimento em retalho com 35% do volume total (com o segmento de centros comerciais a ser o principal) e do setor hoteleiro com 19% do capital investido.

Quanto ao arrendamento, segundo as estimativas da C&W, na Grande Lisboa houve uma “elevada atividade em 2019”, com o arrendamento de 190 mil metros quadrados de escritórios. Entre os maiores negócios de ocupação destaca-se a sede da seguradora Ageas no Parque das Nações e a ocupação do edifício FPM 41 pela consultora KPMJ e sociedade de advogados PLMJ. Também em Lisboa foi atingido o mínimo histórico da taxa de desocupação, abaixo dos 4%.

Já no Porto, refere, “o setor de escritórios atravessa também um bom momento, embora ainda abaixo das expectativas”, sendo que entre janeiro e setembro a procura foi de apenas 26.000 m², para o que contribui “a escassez de oferta de espaços de qualidade”. Contudo, considera a Cushman & Wakefield, há uma “elevada procura latente no mercado” do Porto, que prevê venha a ser colmatada de futuro, já que apenas “até 2022 está prevista a conclusão de nove projetos com uma área total de 110 mil metros quadrados”.

Este ano deverão ser concluídos dois edifícios que já estão totalmente pré-arrendados, o Urbo Business Center pelo BNP Paribas e o Boavista Office Center pela Farfetch.

Ainda em 2019, foram comercializadas 810 lojas em Portugal, destacando-se o comércio de rua, ao representar 64% das operações, sobretudo em Lisboa e Porto (a Cushman & Wakefield esteve envolvida no arrendamento da Happy Socks na Rua Garrett, em Lisboa, e nas transações de quatro unidades na Avenida dos Aliados, no Porto).

Segundo a informação esta quinta-feira divulgada pela C&W, nos centros comerciais a tendência atual é de expansão e remodelação, havendo projetos em curso no Norte Shopping (Matosinhos), Glicínias Plaza (Aveiro), Centro Comercial Colombo (Lisboa) e Oeiras Park (Oeiras).

Já o mercado industrial registou “alguma contração ao longo de 2019”, tendo entre janeiro e setembro sido transacionados 96.600 metros quadrados (m2), 10% abaixo do volume registado em igual período de 2018.

Segundo o diretor-geral, Eric van Leuven, esta contração contraria a tendência de outros países europeus, perante crescimento do comércio online, e resulta provavelmente da falta de oferta de instalações modernas de qualidade, sobretudo na região de Lisboa. Ainda segundo o responsável, depois de nos últimos anos o mercado imobiliário ter estado focado na reabilitação urbana, agora o foco “está muito na compra de terrenos para construção”.

Eric van Leuven destacou ainda o investimento em imobiliário por parte de seguradoras em Portugal, como o da Ageas, Liberty ou Zurich, o que considerou “muito positivo” uma vez que estas empresas são conservadoras nos investimentos.

Quanto aos valores do mercado, os escritórios da Grande Lisboa registaram uma subida de 10% no valor prime da zona Avenida da Liberdade/Saldanha para 23 euros por metro quadrado por mês. Na cidade do Porto o valor prime de referência na Avenida da Boavista manteve-se em 18 euros por metro quadrado por mês.

No retalho, a evolução dos valores de arrendamento abrandou, continuando o Chiado a zona mais valorizada de Lisboa, com renda de mercado de 130 euros por metro quadrado por mês. Na Rua Augusta está em 117,5 euros por metro quadrado por mês, mais 12% do que em 2018. No Porto, as rendas na Rua de Santa Catarina mantiveram-se em 75 euros por mês.

Já nos centros comerciais e os retail parks o crescimento foi de 5% nos valores ‘prime’ de referência, para 105 euros por metro quadrado por mês e 10,5 euros por metro quadrado por mês.

No setor industrial, a falta de áreas de qualidade incentivou, segundo a C&W, uma nova subida dos valores de renda ‘prime’ para 4 euros por metro quadrado por mês na Grande Lisboa e 3,85 euros por metro quadrado por mês no Grande Porto (mais 7% e 3%, respetivamente).

Por fim, as taxas de rentabilidade estabilizaram em 2019, com yields prime de 4,00% para escritórios, 4,75% para centros comerciais, 4,00% para comércio de rua. Já no segmento industrial desceram para 6% para industrial.

// Lusa

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