/

Autárquicas. Chega concorre sozinho a 220 municípios para avaliar o seu “impacto”

Paulo Novais / Lusa

André Ventura - Chega

André Ventura anunciou esta segunda-feira que o Chega irá concorrer nas eleições autárquicas a “cerca de 220 municípios” do país, sublinhando que o partido vai a votos sozinho para avaliar o seu “impacto”, mas sem excluir acordos pós-eleitorais.

“O Chega concorrerá a cerca de 220 municípios em todo o país, o que é histórico para um partido com a duração e a estrutura que o Chega tem”, anunciou André Ventura, no Palácio da Justiça, em Lisboa, onde foram entregues as listas do partido às autarquias da capital.

Segundo o Observador, líder do Chega explicou que as candidaturas têm o objetivo de fazer com que o Chega seja a “terceira força política em número de votos”, “alavancar a direita” em Portugal e pressionar o PSD a fazer o “trabalho que não tem feito”.

Acompanhado pelo cabeça de lista do partido à Câmara Municipal de Lisboa, Nuno Graciano, e de cerca de três dezenas de apoiantes, Ventura disse também que o Chega concorrerá a “todas as freguesias do concelho de Lisboa”.

Questionado sobre acordos pós-eleitorais, o líder e deputado único vincou que o partido vai sozinho a votos no país todo “para ver qual é o impacto real que o Chega tem” e porque não quer colocar-se “debaixo de nenhum outro partido”.

“Sim, estaremos disponíveis para coligações quando isso for para afastar o PS do poder, não, não estaremos disponíveis para vender o nosso ADN e a nossa identidade, por isso é que vamos sozinhos ao país todo”, apontou.

Ventura disse ainda que “o Chega tem o objetivo de ser a terceira força política nacional” e ficar à frente “quer do BE quer da CDU em número de votos” a nível nacional.

De acordo com o líder, se o partido conseguir este resultado “pode alavancar a direita em Portugal”, mas apenas se os outros partidos “fizerem o seu trabalho e cumprirem o seu papel”.

Questionado sobre que trabalho tem a direita em Portugal a fazer, Ventura foi perentório: “É o trabalho que o PSD não tem feito, honestamente”.

Depois de ter sido ouvido em Belém pelo Presidente da República, que realizou uma ronda pelos partidos antes das eleições autárquicas, Ventura anunciou a sua vontade de criar uma plataforma de convergência à direita, contactando os líderes do PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal.

Questionado sobre este convite, um dia depois, Rui Rio disse não ter recebido qualquer carta e recusou-se a fazer qualquer “comentário público” sobre este partido e o seu líder.

A verdade é que só vai haver um governo de direita se os dois partidos fizerem o seu papel: o PSD e o Chega. Temos identidades diferentes, espíritos de missão completamente diferentes e objetivos diferentes, mas de que vale o Chega ter 10% nas autárquicas ou 15 ou 20 se o PSD continuar na miséria em que está? Dá para nós mas não dá para o país”, realçou.

“As pessoas às vezes dizem que sou um bocado obcecado com o PSD: eu não sou obcecado com o PSD, a verdade é que só vai haver um governo de direita se os dois partidos fizerem o seu papel, o PSD e o Chega”, insistiu.

Se assim for, continuou, será possível “começar a mudar o panorama político em Portugal como em 2001 se conseguiu mudar quando António Guterres era primeiro-ministro e teve uma derrota tremenda nas eleições autárquicas”.

“O que eu gostava era que 2021 fosse a repetição de 2001: em que o PS teve uma derrota tremenda nas principais cidades, com o esforço da direita, que na altura era o PSD e o CDS, hoje essa direita é o PSD e o Chega”.

André Ventura quer que os resultados do partido possam servir para refazer uma história já conhecida: “António Guterres caiu depois de umas eleições autárquicas, vários governos socialistas ficaram fragilizados depois de eleições autárquicas e o que esperamos é que estas eleições autárquicas marquem o início do fim do governo de António Costa em Portugal, demore mais ou menos.”

Para andar na estrada, numa caravana que vai percorrer “todos os distritos”, André Ventura vai suspender o mandato de deputado da Assembleia da República.

Segundo o Observador, isto porque o líder do Chega entende que deve “dar a cara” juntamente com os candidatos pelo facto de liderar um partido “ainda muito jovem”.

“Era meu dever não estar fechado na Assembleia da República a ver a caravana passar”, disse.

Nessa altura, o lugar do Chega no Parlamento vai ficar ocupado por Diogo Pacheco Amorim, o segundo da lista de Lisboa que elegeu o primeiro deputado do Chega.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.