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Aumento do consumo de tabaco pelas mulheres é preocupante

Uma investigadora do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) considera “preocupantes” dados sobre o aumento do consumo de tabaco pelas mulheres e alerta para o perigo cardiovascular com base no estudo “E-Cor” que será apresentado sexta-feira, no Porto.

“Se tivermos em conta que, em 2008, os estudos da Direção-Geral de Saúde [DGS] apontavam que havia 9,5% de mulheres fumadoras, agora estamos a falar de uma percentagem de 17%. O consumo de tabaco tem dados assustadores“, disse à agência Lusa a coordenadora do estudo “E-Cor”, desenvolvido pelo INSP, Mafalda Bourbon.

Estes dados fazem parte de um estudo que será apresentado sexta-feira no 8.º Congresso do Acidente Vascular Cerebral (AVC) organizado pela Sociedade Portuguesa do AVC.

Para já – ainda que o “E-Cor” se vá estender ao Algarve e Alentejo – o estudo de Mafalda Bourbon tem por base as regiões do Norte, Centro e Lisboa, de acordo com o mapa NUTS II de Portugal Continental.

O estudo prevê a análise de uma amostra nacional de 1.700 pessoas, 340 por região, mas, para já, das 1.040 pessoas cujos dados já são conhecidos, 22% são fumadores.

O “E-Cor” revela que as mulheres no Centro fumam menos do que em qualquer uma das outras regiões: 12% no Centro, 20% em Lisboa e 18% no Norte.

“Os dados do tabaco são preocupantes porque, por exemplo, o fumar associado ao consumo da pilula, é explosivo e aumenta muito o risco de ter um AVC em idade jovem (…). E um AVC é muito debilitante”, referiu.

Outro dado “alarmante” para Mafalda Bourbon é a prevalência de excesso de peso/obesidade.

“No geral 65% da população tem excesso de peso ou obesidade, o que quer dizer que das cerca de 1.000 pessoas inquiridas, 650 pessoas têm excesso de peso ou obesidade”, descreveu a especialista.

Com este estudo, Mafalda Bourbon pretende fazer um diagnóstico geral do país em relação aos fatores de risco vasculares, mas também lançar alertas.

“O nosso objetivo é produzir dados reais para que depois se possam desenhar políticas de saúde que vão tentar melhorar a realidade. Não é missão do instituto fazer esse caminho porque é a DGS que faz as normativas das várias áreas. Mas é missão do instituto produzir dados que vão depois ao encontro de estratégias de promoção da saúde”, disse a investigadora da INSP.

Outros dados do “E-Cor” dão nota de que no Norte há um menor número de pessoas com colesterol elevado.

Mas esta é, no entanto, a região que apresenta o menor número de pessoas que cumpre uma regra da Organização Mundial de Saúde sobre o consumo de frutas e legumes.

O Centro apresenta a percentagem de dieta mais equilibrada com 37%, face a 32% de Lisboa e a 25% do Norte.

O estudo revela, também, que o Centro é mais ativo, uma vez que a percentagem de sedentarismo é de 27,8% face a 34% no Norte e a 41% em Lisboa.

Já no consumo excessivo de álcool, o Centro atinge a percentagem maior com 13%, com relevância para a faixa etária dos 65/79, enquanto em Lisboa é de 5% e no Norte de 4%.

“Este estudo foi desenhado para determinar os fatores de risco [de AVC] mas é importante que se perceba que esses fatores são modificáveis. As pessoas podem fazer a diferença se quiserem”, concluiu Mafalda Bourbon.

A apresentação do “E-Cor” está agendada para a manhã de sexta-feira com o título “Novos dados sobre a prevalência dos fatores de risco em Portugal”, no Centro de Congressos do Hotel Porto Palácio, no Porto, num que decorre a partir de hoje até sábado.

/Lusa

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