O exemplo do desporto ao mundo: atletas russo e ucraniano abraçam-se no pódio

Maxim Shipenkov / EPA

Oleksandr Abramenko (E), Qi Guangpu (C) e Ilia Burov (D).

No pódio de esqui acrobático dos Jogos Olímpicos de Pequim, o ucraniano Oleksandr Abramenko e o russo Ilia Burov partilharam um abraço.

Há quatro anos, nos Jogos Olímpicos de PyeongChang, na Coreia do Sul, o ucraniano Oleksandr Abramenko e o russo Ilya Burov abraçaram-se no pódio, cobertos pela bandeira da Ucrânia.

O conflito entre os dois países ainda não tinha assumido as dimensões de hoje, mas já havia tensão, principalmente depois de a Rússia ter anexado a Crimeia, em 2014. O abraço entre os dois atletas gerou polémica, mas também recebeu algumas reações positivas, num exemplo do poder do desporto.

Agora, Abramenko e Burov repetiram o feito na prova de esqui acrobático dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.

Desta vez, o abraço tinha ainda mais significado. O ucraniano ganhou a prata e o russo ganhou o bronze, mas o toque humano entre os dois simbolizava algo mais do que as meras conquistas.

A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.

O abraço entre Abramenko e Burov não foi diplomático. Antes do início competição, o ministro do Desporto da Ucrânia, Vadim Gutzeit, aconselhou os atletas a evitarem contactos com russos.

Mas, ainda em novembro, o ucraniano já tinha admitido que o ato de carinho e paz poderia repetir-se.

“É difícil pensar quando somos tomados por emoções fortes. Fazemos o que sentimos, mostramos o que somos. Não me interessa qual é nacionalidade dele. Infelizmente, ninguém percebe. Somos pessoas do mesmo planeta, não percebo como não se respeitam opiniões diferentes. Sou apenas pela paz mundial”, disse o esquiador ucraniano, na altura.

Abramenko não é alheio ao conflito e tem, pelo menos, um forte laço com a Rússia. A sua namorada é uma esquiadora russa que conheceu nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, em 2014.

Daniel Costa, ZAP //

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