Os ativistas angolanos, que começaram a ser julgados esta segunda-feira, usaram a sala de audiências para manter o protesto contra o regime, escrevendo mensagens na roupa e entrando descalços no Tribunal.
Os ativistas foram aplaudidos perante uma sala de audiências repleta de familiares, populares e jornalistas no tribunal de Benfica, em Luanda. Os jovens angolanos foram distribuídos em dois grupos e retribuíram a receção calorosa com gestos de satisfação e sorrisos rasgados.
Vestidos com a habitual farda dos serviços prisionais, a maior parte dos jovens chegaram ao Tribunal descalços, atitude que o juiz considerou uma “falta de respeito”.
Um dos ativistas, Benedito Jeremias, usou uma camisola na qual se podia ler nas costas “in dubio pro reo”, que pode ser traduzido por “princípio da presunção da inocência” e ainda “nenhuma ditadura impedirá o avanço de uma sociedade para sempre”.
O arguido explicou que esta foi a “forma de protesto” encontrada contra o alegado excesso de prisão preventiva.
Já Luaty Beirão, o luso-angolano que esteve em greve de fome durante 36 dias, adiantou que esta foi uma posição contra a atitude das autoridades.
“Estivemos cinco meses [tempo em que estão em prisão preventiva] há espera de botas. Chegaram hoje às 04:00, antes de virmos para aqui. Já não precisamos”, afirma o rapper.
No total, são 17 arguidos – mais duas jovens estão acusadas dos mesmos crimes mas ficaram a aguardar julgamento em liberdade – acusados pelo Ministério Público angolano de uma rebelião e um golpe de Estado.
Estão ainda responsabilizados por prepararem um Governo de Salvação, lista que a defesa veio já esclarecer que não foi feita pelos arguidos, mas que resultou de uma consulta, lançada por outra pessoa, nas redes sociais.
“Estamos a falar do exercício do direito à liberdade de expressão e à liberdade de informação. Ou seja, o direito de exprimir e compartilhar livremente os seus pensamentos, as suas ideias e opiniões pela palavra, pela imagem ou qualquer outro meio”, sublinhou o advogado Luís Nascimento, que defende, juntamente com o colega Walter Tondela, dez dos ativistas.
Luaty Beirão acrescentou ainda que a decisão sobre este caso está totalmente nas mãos do Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
“Vai acontecer o que o José Eduardo decidir. Tudo aqui é um teatro, a gente conhece e sabe bem como funciona. Por mais argumentos que se esgrimam aqui e por mais que fique difícil de provar esta fantochada, se assim se decidir seremos condenados. E nós estamos mentalizados para a condenação”, afirmou à agência Lusa, durante a pausa do julgamento.
“Não é uma questão de confiança [no desfecho do julgamento]. Nós preferimos estar mentalizados para o pior, preferimos assim. Depois, se correr pelo melhor, vamos ficar contentes. Agora estar confiante e depois levar com uma pena, a gente fica desmoralizado”, disse Luaty.
Apesar das várias dúvidas expressadas nos últimos dias, o julgamento arrancou mesmo esta segunda-feira e tem sessões diárias agendadas até à próxima sexta-feira.
ZAP / Lusa
O regime (oligarquia) que dos Santos montou só sobrevive pela “polícia” política e ingerência no poder judicial que tem na mão… ao serviço…
Os democratas não temem o povo que os elege!
Comedia
Estupidez!