Pelo menos oito pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas esta sexta-feira, na sequência de um atentado à bomba em Diyarbakir, a principal cidade do sudeste da Turquia, de maioria curda.
O primeiro ministro turco, Binali Yildirim, responsabilizou a rebelião turca do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) pelo atentado.
“Até ao momento há oito mortos, entre os quais dois polícias. [O PKK] mostrou outra vez a sua face mais pérfida. (…) Fizeram explodir um carro cheio de explosivos”, declarou o primeiro-ministro.
A explosão ocorreu perto de uma prisão e de um edifício da polícia e afetou inúmeros carros e casas numa área de um quilómetro quadrado, segundo o gabinete do governador de Diyarbakir.
Ainda antes das declarações do primeiro-ministro, já as autoridades locais tinham indicado, em comunicado, que a explosão tinha sido causada “por um carro-bomba usado por membros da organização terrorista separatista”, numa referência ao PKK (que Ancara, os Estados Unidos e a União Europeia classificam como uma organização terrorista).
Dois residentes disseram à agência France Presse que viram um pequeno autocarro a explodir no exterior do edifício da polícia no distrito de Baglar.
A explosão ocorreu horas depois de a polícia ter detido líderes e deputados do principal partido pró-curdo do país, no âmbito de uma investigação por terrorismo relacionada com os rebeldes do PKK.
A polícia turca deteve na quinta-feira Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag, copresidentes do Partido Democrático dos Povos (HDP, esquerda e pró-curdo), a terceira força política no Parlamento.
Segundo os media locais, foram detidos, no total, onze deputados do HDP, acusado pelo poder turco de ser o “braço político” do PKK.
UE “extremamente inquieta” com detenções
A União Europeia está “extremamente inquieta” com a detenção de dirigentes e deputados pró-curdos na Turquia e já contactou Ancara a este respeito, declarou hoje a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Numa nota divulgada no Twitter, Mogherini adiantou estar “extremamente inquieta com a detenção” de Selahattin Demirtas e Figen Yüksekdag.
A alta representante para a Política Externa e de Defesa da UE salientou ainda estar já “em contacto com as autoridades” turcas e ter convocado uma reunião dos embaixadores da UE em Ancara.
Yüksekdag foi detida na sua residência, em Ancara, enquanto Demirtas em Diyarbakir, a “capital” das regiões curdas.
Demirtas e Yüksekdag têm sido alvo de diferentes investigações nos últimos meses, mas esta foi a primeira vez que foram detidos.
O Parlamento turco aprovou em maio uma controversa reforma constitucional que implica o levantamento da imunidade aos deputados com processos judiciais.
ZAP / Lusa