Até uma criatura sem cérebro consegue aprender com os seus erros

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Jan Bielecki

Medusa das Caraíbas

Sendo um dos animais biologicamente mais simples, poderíamos pensar que as medusas não seriam capazes de aprender. Afinal, mesmo sem cérebro, conseguem.

Um estudo publicado esta sexta-feira na revista Current Biology revela que as medusas das Caraíbas são capazes de aprender e adaptar o seu comportamento, apesar de não terem um cérebro centralizado.

As descobertas desafiam o entendimento convencional sobre as capacidades de aprendizagem em animais com sistemas nervosos mais simples.

O estudo, liderado por uma equipa de neurobiólogos da Universidade de Copenhaga e da Universidade de Kiel, observou medusas das Caraíbas treinadas num tanque desenhado para simular o seu habitat natural.

Inicialmente, as medusas chocavam frequentemente com obstáculos artificiais que se assemelhavam a raízes de mangue.

No entanto, após cerca de 7 minutos de aprendizagem, as medusas adaptaram o seu comportamento para evitar estes obstáculos, aumentando a sua distância média aos mesmos em cerca de 50%.

Além disso, o número de mudanças de direção bem-sucedidas para evitar colisões quadruplicou, e o contacto com as paredes do tanque reduziu-se para metade.

“Isto mostra que as medusas podem realmente aprender com os seus erros e modificar o seu comportamento”, explica à New Scientist o neurobiólogo Anders Garm, investigador da Universidade de Copenhaga e coautor do estudo.

Os resultados sugerem que as medusas são capazes de realizar um processo chamado aprendizagem associativa, onde os organismos formam ligações entre estímulos sensoriais e comportamentos.

As implicações do estudo vão além do nosso entendimento sobre medusas. “Isto é uma grande novidade para a neurociência fundamental“, acrescentou Garm. “Sugere que a aprendizagem avançada pode ter sido uma vantagem evolutiva dos sistemas nervosos desde o seu início.”

Os investigadores planeiam agora examinar as interações celulares no sistema nervoso das medusas para melhor entender o processo de formação de memória, e esperam estudar em detalhe o sensor mecânico no corpo das medusas — para obter uma visão mais abrangente das suas capacidades de aprendizagem.

“Mesmo o sistema nervoso mais simples parece capaz de aprendizagem avançada, sugerindo que esta capacidade pode ser um mecanismo celular fundamental presente desde o início da evolução do sistema nervoso”, conclui Garm.

Armando Batista, ZAP //

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1 Comment

  1. Não parece grande novidade. Consta que os políticos e afins são criaturas sem cérebro e no entanto sempre aprendem a cuidar bem de seus umbigos.

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