O que liga o ataque terrorista em Nova Orleães à explosão do Tesla em Las Vegas?

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LVMPD / EPA

Cybertruck da Tesla explodiu em Las Vegas, à porta do Hotel Trump no Dia de Ano Novo.

Cybertruck da Tesla explodiu em Las Vegas, à porta do Hotel Trump no Dia de Ano Novo.

Há estranhas semelhanças a ligar Shamsud-Din Jabbar e Matthew Livelsberger, suspeitos dos dois trágicos incidentes no Dia de Ano Novo nos EUA – o atropelamento de uma multidão em Nova Orleães e a explosão de um Tesla em Las Vegas.

O Secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, refere que o FBI continua a investigar, mas confirma a motivação terrorista do suspeito do ataque contra uma multidão em Nova Orleães.

Shamsud-Din Jabbar, um cidadão norte-americano e antigo miliar do exército dos EUA, foi “inspirado por uma ideologia terrorista estrangeira” e deixou-se cativar pelas “crenças odiosas do Estado Islâmico“, sublinha Mayorkas citado pela CNN.

Já quanto ao incidente em Las Vegas, onde um carro Cybertruck da Tesla explodiu à porta do HotelTrump, ainda não foi possível chegar às motivações do suspeito.

“O motivo não foi identificado” e “não há provas de quaisquer outros indivíduos a trabalhar em conjunto com o indivíduo no Cybertruck, mas não podemos descartar isso”, salienta Mayorkas.

Os investigadores também não têm informações suficientes para concluir se os dois incidentes estão, ou não, relacionados. Contudo, há pontos de ligação curiosos – e suspeitos? – entre ambos.

Suspeitos alugaram carros na mesma plataforma

Shamsud-Din Bahar Jabbar, de 42 anos, atropelou uma multidão no famoso bairro francês de Nova Orleães, no início do dia de Ano Novo, matando 15 pessoas.

Algumas horas depois disso, Matthew Livelsberger, de 37 anos, morreu numa viatura Tesla que explodiu em frente ao hotel do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em Las Vegas.

Livelsberger foi encontrado baleado na cabeça e as autoridades acreditam que se matou antes da explosão.

O Cybertruck estava carregado com botijas de gás e de combustível para campismo e com morteiros pirotécnicos de alto calibre, segundo a polícia de Las Vegas.

Sete pessoas que se encontravam nas proximidades, sofreram ferimentos ligeiros quando o Tesla explodiu.

Livelsberger alugou o Cybertruck no Colorado, através da plataforma Turo, um sistema de aluguer de viaturas entre privados semelhante à plataforma de alojamento local Airbnb.

Também a carrinha utilizada no atropelamento de Nova Orleães foi alugada na mesma plataforma.

FBI

Imagens do FBI do suspeito do atropelamento de uma multidão em Nova Orleães (EUA) no Dia de Ano Novo.

Imagens do FBI do suspeito do atropelamento de uma multidão em Nova Orleães (EUA) no Dia de Ano Novo.

Militares passaram pela mesma base do exército

Outro ponto de ligação entre Livelsberger e Jabbar é o facto de terem formação militar.

E ambos passaram algum tempo em Fort Bragg, uma enorme base do Exército na Carolina do Norte que alberga várias unidades de operações especiais do Exército.

No entanto, um dos funcionários que falou com a agência Associated Press (AP) disse que não há sobreposição nas suas atribuições na base, agora chamada Fort Liberty.

Serviram no Afeganistão na mesma altura

Livelsberger serviu nos Boinas Verdes [Green Berets, em inglês], forças especiais altamente treinadas que trabalham para combater o terrorismo no estrangeiro, e para treinar parceiros de outros países.

Este militar servia no Exército desde 2006, e subiu na hierarquia com uma longa carreira em missões no estrangeiro, destacando-se duas vezes no Afeganistão, e servindo ainda na Ucrânia, Tajiquistão, Geórgia e Congo.

O suspeito do ataque em Nova Orleães também serviu no Afeganistão na mesma altura que Livelsberger, segundo revela o jornal britânico The Independent.

Jabbar entrou no exército em 2007 e esteve no Afeganistão entre 2009 e 2010, deixando a carreira militar em 2020.

Livelsberger foi condecorado com duas Estrelas de Bronze, incluindo uma com bravura, por coragem sob fogo, um distintivo de infantaria de combate e uma Medalha de Louvor do Exército com bravura.

Quando morreu, Livelsberger estava de licença aprovada após ter estado colocado na Alemanha.

Linkedin

O militar Matthew Livelsberger morreu na explosão de um Cybertruck Tesla em Las Vegas.

O militar Matthew Livelsberger morreu na explosão de um Cybertruck Tesla em Las Vegas.

Motivações misteriosas…

Apesar das semelhanças, o FBI revela que não foi encontrada “nenhuma ligação definitiva” entre o ataque em Nova Orleães e a explosão do Tesla em Las Vegas.

Acredita-se que o acto de Livelsberger pode ter tido algum simbolismo, tanto mais que usou um carro da Tesla, a marca detida por Elon Musk que foi um dos maiores apoiantes de Donald Trump e que vai fazer parte da sua administração na Casa Branca.

Além disso, o carro explodiu precisamente à frente de um hotel da cadeia de Trump.

Contudo, familiares revelaram à imprensa dos EUA que Livelsberger era um fervoroso apoiante de Trump.

Divórcios, problemas de dinheiro e o Estado Islâmico

Já as motivações terroristas do outro suspeito não levantam dúvidas ao FBI que divulgou que Jabbar publicou vários vídeos no seu perfil do Facebook, algumas horas antes do ataque, onde fazia a apologia dos ideais do Estado Islâmico.

Além disso, tinha uma bandeira do grupo terrorista na carrinha que usou no ataque em Nova Orleães.

Mas a família do ex-veterano diz aos media que não percebeu sinais de radicalização, embora admita que estava cada vez mais isolado dos seus conhecidos.

O irmão mais novo diz ao The Independent que Jabbar era “calmo, bem-educado e bem-humorado“.

Estaria a enfrentar dificuldades financeiras após vários divórcios e na sequência da queda de alguns dos seus negócios.

Susana Valente, ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Uma simples pergunta que NINGUÉM parece interessado em fazer:
    Os autores destes crimes tinham algum diagnóstico psiquiátrico e tomavam medicação para doença mental, incluindo medicamentos antidepressivos? Em TODOS os casos de massacres ou ataques em massa esta questão deveria estar no topo das prioridades. Qualquer agente químico natural ou sintético, que atua sobre o sistema límbico – sobretudo o hipocampo e a amígdala – é suscetível de provocar alterações imprevisíveis no comportamento que podem modificar fortemente a personalidade do indivíduo. Claro que existem muitos outros fatores por trás das alterações comportamentais, além de que, em termos práticos, apenas se poderá estabelecer alguma possível correlação entre essa medicação e tendências homicidas ou suicidas, mas um jornalismo realmente interventivo e de investigação… se o houvesse!… poderia muito bem explorar este filão. Mas que OCS mainstream o fará?! NENHUM, obviamente! Aliás, se nem este tipo de alerta/comentário é bem-vindo ou publicado num mero órgão noticioso eletrónico, que esperar dos demais? NADA, RIEN, NOTHING, NICHTS… ZERO!!!

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