Os Estados Unidos pediram neste domingo à Rússia para que ponha fim “imediatamente” ao seu apoio “incondicional” ao Governo de Bashar al Assad depois do suposto ataque químico ocorrido no sábado contra a cidade de Duma, o último reduto rebelde nos arredores de Damasco.
Pelo menos 40 pessoas morreram num ataque químico contra a cidade de Douma, o último bastião rebelde nos arredores de Damasco, na Síria, anunciou a organização não-governamental Capacetes Brancos.
A ONG acrescenta que centenas de pessoas foram afetadas pelo ataque e denunciou a carência de estruturas médicas na cidade.
Por sua vez, outra ONG, o Observatório Sírio de Direitos Humanos assegurou que pelo menos 11 pessoas sofreram sintomas de asfixia, depois de um bombardeamento aéreo na periferia norte de Douma, nas proximidades do Cemitério Antigo.
A comunidade internacional reagiu este domingo ao ataque de Douma. Os Estados Unidos pediram à Rússia que ponha fim “imediatamente” ao seu apoio “incondicional” ao Governo de Bashar al Assad.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, afirmou em comunicado que a Rússia “falhou os seus compromissos com as Nações Unidas e traiu a Convenção sobre Armas Químicas ao proteger incondicionalmente Assad”.
“A proteção do regime de Assad por parte da Rússia e a sua incapacidade para deter o uso de armas químicas na Síria questiona o seu compromisso de resolver a crise global e as maiores prioridades de não proliferação”, afirmou a porta-voz.
“A Rússia, com o seu apoio ao regime, em última instância é responsável por estes brutais ataques, voltados contra civis, que asfixiam as comunidades mais vulneráveis da Síria com armas químicas”, acrescentou.
O Governo americano acompanha de perto as informações sobre o ataque a um hospital em Douma, onde, sem detalhar o número de mortos, reconheceu que pode haver “um número potencialmente alto de vítimas“.
“Se estes relatórios horríveis forem confirmados, exigem uma resposta imediata da comunidade internacional”, asseverou a porta-voz.
Nauert insistiu que o histórico de Assad com o uso de armas químicas contra o seu próprio povo “não está em discussão” e lembrou que há um ano as forças do Governo sírio fizeram um ataque de gás sarin que matou aproximadamente cem sírios.
Rússia nega uso de armas químicas
A Rússia negou este domingo categoricamente as informações sobre “um alegado ataque químico” realizado pelas forças governamentais da Síria no reduto rebelde da cidade de Douma, nos arredores de Damasco.
“Negamos categoricamente tal informação e, assim que for libertada a cidade de Douma dos rebeldes, estamos dispostos a enviar imediatamente os nossos especialistas”, disse Yuri Yevtushenko, chefe do Gabinete de Reconciliação russa na Síria.
O general russo explicou que os especialistas do seu país em limpeza química, biológica e radioativa “recolherão dados que confirmarão que essas declarações são fabricadas”, e acusou “uma série de países ocidentais” de tentar impedir o reatamento da operação de evacuação de rebeldes de Douma, interrompida há dois dias.
“O Ocidente usa o seu tema preferido, que é o uso de armas químicas por parte das forças governamentais sírias”, afirmou Yevtushenko.
A agência oficial síria, SANA, também rejeitou qualquer responsabilidade das forças sírias e garantiu que “as denúncias do uso de substâncias químicas em Douma são uma tentativa clara de impedir o progresso do Exército”.
Segundo a ONG Capacetes Brancos, pelo menos 40 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, morreram no sábado por asfixia num ataque químico contra Douma.
Papa repudia uso de “instrumentos de extermínio”
O papa Francisco condenou neste domingo o uso de “instrumentos de extermínio contra a população” na guerra da Síria, depois de várias ONGs terem denunciado que dezenas de pessoas morreram no sábado passado após um ataque químico em Douma.
“Nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”, disse o pontífice na praça de São Pedro do Vaticano, momentos depois de celebrar uma missa. “Chegam da Síria notícias terríveis com dezenas de vítimas, muitas delas mulheres e crianças. Rezamos por todos os defuntos, famílias e afetados”, disse o papa.
O pontífice afirmou “não há uma guerra boa ou uma guerra má e nada, nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”.
“Rezemos para que os responsáveis políticos e militares escolham outro caminho, o de negociação, o único que pode levar à paz e não à morte e à destruição“, acrescentou, após rezar a Regina Coeli que substitui o Ángelus em tempos de Páscoa.
Segundo a ONG Capacetes Brancos, que divulgou fotos de corpos, muitos dos quais de crianças, centenas de pessoas foram afetadas pelo ataque ocorrido ontem quando “um helicóptero lançou um barril-bomba com um agente químico sobre Douma“.
ZAP // EFE