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Astrónomos encontram planeta “infernal” capaz de vaporizar ferro

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Hubble / ESA

O WASP-121b está tão perto da sua estrela que a atração da maré estica o exoplaneta em forma de ovo

Um grupo de cientistas estudou, pela primeira vez, as características da estratosfera de um exoplaneta e descobriu que as suas temperaturas são tão altas que podem vaporizar ferro e outros metais, segundo um artigo publicado pela revista Nature.

Muito foi descoberto sobre os chamados “Júpiteres quentes” — os planetas extrassolares maiores e mais fáceis de observar. A sua atmosfera escaldante é parecida com as de Saturno e de Júpiter, sendo constituída por hidrogénio, hélio e hidrocarbonetos.

Além disso, os astrónomos descobriram nos céus destes planetas nuvens exóticas de chumbo, de vidro e chuvas de pedras preciosas.

De acordo com os autores do estudo, os cientistas suspeitavam há muito que tais Júpiteres quentes, além das altas temperaturas da sua atmosfera, possuíssem uma estratosfera ainda mais quente. O problema é que os especialistas não sabiam que substâncias ou moléculas podem servir de análogo do ozono, que é responsável pelo aquecimento da estratosfera da Terra.

Tom Evans da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e os seus colegas estavam a tentar descobrir tais moléculas ao analisar os exoplanetas mais quentes com ajuda dos dados do telescópio Hubble. Nomeadamente, a atenção dos cientistas foi atraída para o Júpiter quente WASP-121b, que revela sinais de substâncias capazes de aquecer água a temperaturas elevadíssimas.

Os astrónomos criaram um modelo virtual do planeta e depois passaram a adicionar várias substâncias na atmosfera para ver que mudanças causariam. Graças a esta experiência, os cientistas descobriram que a camada mais alta do WASP-121b é semelhante à estratosfera da Terra, sendo o papel do ozono desempenhado por duas substâncias — o dióxido de titânio e o pentóxido de vanádio.

Devido a estas substâncias, a camada mais alta da estratosfera do planeta é 1500 vezes mais quente do que a camada baixa, atingindo temperaturas de 2700°C. Isto significa que, nesta parte da atmosfera do WASP-121b, o ferro começaria a derreter-se, podendo até “ferver” e evaporar.

Segundo os astrónomos, as próximas observações deste planeta vão ajudar a entender as suas peculiaridades e como se formam tais mundos “infernais”.

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