Um novo estudo revelou que cinco sistemas conhecidos com planetas de estrelas duplas – como Tatooine, casa de Luke Skywalker no filme “Star Wars” – poderiam sustentar a vida.
“Usamos dados colhidos pela nave espacial Kepler, como a massa das estrelas, quão brilhantes são, a localização de um planeta gigante e outros parâmetros para criar uma metodologia para identificar sistemas com dois sóis que podem hospedar planetas habitáveis semelhantes à Terra”, disse Siegfried Eggl, professor do Departamento de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, em comunicado.
Nesta investigação, a habitabilidade é definida como planetas que possuem água líquida em algum lugar da sua superfície.
Os cientistas investigaram os efeitos das estrelas duplas e planetas gigantes nas zonas habitáveis de nove sistemas observados pela missão Kepler e confirmaram estudos anteriores que afirmavam que o Kepler-16 e o Kepler-1647 hospedam planetas gigantes que os tornam inadequados para hospedar um planeta terrestre dentro das suas zonas habitáveis.
No entanto, o Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64 e Kepler-413 parecem muito mais promissores. O Kepler-38 é o melhor candidato para hospedar mundos com oceanos, semelhantes à Terra.
Eggl disse que a metodologia desenvolvida é baseada em equações analíticas em vez de simulações de computador que precisam de ser executadas dia e noite durante meses.
“É um método analítico que quase não requer nenhum esforço computacional”, disse Eggl. “Existem algumas partes que usam modelos numéricos para alimentar informações, como a forma como a atmosfera interage com diferentes quantidades e espectros de luz solar. Isso é realmente difícil de descobrir analiticamente, por isso usamos modelos atmosféricos pré-calculados”.
“O benefício de nossa abordagem é que qualquer pessoa pode pegar nas nossas equações e aplicá-las a outros sistemas para determinar onde melhor procurar mundos semelhantes à Terra”, continuou.
A órbita da Terra em torno do Sol é quase circular, garantindo que o planeta recebe uma quantidade quase constante de radiação.
Porém, isso não acontece em planetas que orbitam dois sóis. A segunda estrela fornece uma fonte adicional de radiação e outra fonte de atração gravitacional. Mesmo que a órbita de um planeta seja inicialmente circular em torno dos dois sóis, tornar-se-á elíptica com o tempo.
Por causa disso, Eggl disse que a estabilidade dinâmica é uma condição necessária para a habitabilidade de um planeta de dois sóis – mas não é a única.
“Se um planeta se aproximar dos seus sóis, os oceanos podem ferver. Se o planeta estiver muito longe, ou for mesmo ejetado de um sistema, a água na sua superfície acabará por congelar, assim como a própria atmosfera”, explicou o investigador.
“Assim que confirmarmos que um planeta potencialmente habitável está numa órbita estável, podemos prosseguir para investigar quanta radiação recebe das duas estrelas ao longo do tempo. Ao modelar a evolução das estrelas e órbitas planetárias, podemos estimar a quantidade real de radiação que o planeta recebe.”
Eggl desenvolveu uma estrutura analítica para determinar zonas habitáveis em sistemas de estrelas duplas e afirmou que as investigações subsequentes e este novo trabalho “completam o quadro. Sabemos que os planetas se podem formar nesses sistemas e agora sabemos que podem realmente reter água na superfície, e é incrível”.
Este estudo foi publicado em abril na revista científica Frontiers in Astronomy and Space Sciences.