Um assessor político do presidente francês, François Hollande, anunciou hoje a sua demissão, depois de ter sido acusado de conflito de interesses, noticia a AFP.
“Quero reiterar que não cometi nenhum erro. Nunca estive em situação de conflito de interesses”, afirmou em declarações à AFP Aquilino Morelle, argumentando que quer “pôr fim às [suas] funções” no Eliseu para “estar inteiramente livre de responder aos ataques” de que tem sido alvo.
O antigo assessor, que era também chefe de comunicação do Eliseu, disse ter tomado a decisão de se demitir também para “não interferir com a ação do presidente da República, do governo e da maioria, num momento particularmente difícil para a vida do país”.
“Faço-o, finalmente, para proteger a minha família”, acrescentou.
De acordo com um artigo publicado na quinta-feira pelo Mediapart, um portal de informação, Aquilino Morelle, recebeu 12.500 euros em 2007 por uma atividade de consultadoria feita para um laboratório dinamarquês, numa altura em que trabalhava num organismo interministerial encarregado de fiscalizar a indústria farmacêutica.
Este organismo, a Inspeção-Geral dos Assuntos Sociais (IGAS, na sigla em francês), garantiu hoje não ter emitido qualquer autorização a Aquilino Morelle para trabalhar na indústria farmacêutica.
O Mediapart referiu ainda o estilo de vida do assessor político de François Hollande, destacando os seus “30 pares de sapatos feitos por medida” e os dois motoristas que estão à sua disposição e à disposição de pessoas que lhe são próximas.
A demissão de Morelle surge numa altura em que o executivo socialista, enfraquecido depois da derrota da esquerda nas eleições municipais de março, acaba de anunciar medidas de austeridade para consolidar as finanças públicas de França.
/Lusa