As viagens no tempo podem resolver problemas impossíveis (como escolher a prenda ideal)

Para a maior parte das pessoas, o tempo passa numa só inexorável direção. Mas os físicos quânticos teóricos, a direção em que o tempo corre tem mais que se lhe diga…

Um novo estudo, liderado pelo físico David Arvidsson-Shukur, investigador da Universidade de Cambridge, sugere que simulações de ciclos temporais, modeladas através da mecânica quântica, podem ajudar a resolver problemas que são de outra forma insolúveis pela física convencional.

Estas simulações usam circuitos de teletransporte quântico construídos com “partículas entrelaçadas” para executar cenários hipotéticos onde o fluxo do tempo pode ser manipulado para ajustar resultados experimentais.

Os autores do estudo, publicado esta semana na Physical Review Letters, ilustraram a ideia com a analogia de um “presente enviado” que é alterado retroativamente com base em informações futuras.

Imagine que envia um presente a alguém e fica a saber os gostos da pessoa a quem o enviou apenas depois de o ter enviado. Com um ciclo temporal simulado, poderia rever a sua ação passada para, no futuro, fazer corresponder o presente que envia com a lista de desejos da pessoa.

A equipa usou o chamado “entrelaçamento quântico“, teoria que prevê que as propriedades de duas partículas quânticas que interagem num dado instante ficam “entrelaçadas”, tornando possível influenciar uma propriedade de uma das partículas ao alterar a propriedade da outra, independentemente da distância entre as duas.

Segundo os autores do estudo, esta teoria permite não apenas o tele-transporte de informação através do espaço; pode também ser aplicada ao envio de informação “para trás no tempo”.

“No nosso modelo, são geradas duas partículas entrelaçadas,” explica a física Nicole Yunger Halpern, investigadora da Universidade de Maryland e co-autora do estudo, ao Science Alert.

“Depois desse entrelaçamento, uma das partículas participa numa dada experiência. Após receber nova informação, o experimentador manipula a segunda partícula, afetando assim o estado passado da primeira partícula e mudando o resultado da experiência.”

Estas simulações deixam de fora as sempre incómodas situações paradoxais que sempre se colocam quando se fala em viagens no tempo — como o caso de alguém que viaja para trás no tempo e mata um seu próprio antepassado, eliminando assim a possibilidade de que existisse no futuro para viajar para trás no tempo.

Segundo os investigadores, o conceito utiliza uma condição de probabilidade chamada “pós-seleção” para evitar estas inconsistências.

Embora a equipa não afirme que estes ciclos temporais existam realmente, sustentam que as teorias quânticas permitem a sua simulação.

As experiências propostas pelos autores do estudo envolvem entrelaçar um grande número de fotões e dirigi-los para uma câmara especializada. Um filtro na câmara apenas detetaria fotões com informação atualizada, confirmando o sucesso da simulação.

Não estamos a propor uma máquina do tempo, mas sim uma nova perspetiva sobre a mecânica quântica. Estas simulações permitem melhorar o amanhã, abordando os problemas de ontem hoje,” diz Arvidsson-Shukur.

Entretanto, e voltando ao mundo real, é capaz de ser melhor ir tentando acertar à primeira no presente ideal que queremos enviar àquela pessoa especial…

Armando Batista, ZAP //

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