As ondas de calor estão a tirar-nos anos de vida. E não é clickbait

Há uma ligação perturbadora entre as alterações climáticas e uma futura fraca aptidão física dos seres humanos.

Durante anos, investigadores gastaram tempo e recursos a investigar se as ondas de calor que hoje se manifestam, poderia ter tido lugar num clima pré-industrial —  antes de 1900, ou tão distante como 1720.

De acordo com a Inside Hook, a ciência decidiu recentemente que isso é uma enorme perda de tempo. Há zero hipóteses de o planeta experimentar ondas de calor tão frequentes e intensas sem alterações climáticas antropogénicas.

“É uma questão obsoleta”, escrevem os autores de um estudo publicado este ano, na Climactic Change. “A próxima fronteira para a ciência da atribuição é informar a tomada de decisões de adaptação face a um calor futuro sem precedentes“.

Os cientistas climáticos desviaram a sua atenção do passado para o futuro, e estão a tentar identificar o custo fisiológico de um planeta em constante aquecimento.

Quando os corpos estão diariamente sob stress térmico — e especialmente nas regiões mais quentes do mundo, onde 88% das pessoas não têm acesso a ar condicionado — desgastam-se.

O stress térmico, de acordo com estudos recentes, ultrapassa o sistema de arrefecimento normal do corpo por outras palavras, “os nossos corpos absorvem o calor do ambiente mais rapidamente do que podemos suar para nos arrefecermos”.

O problema do calor ataca os órgãos vitais (corroendo o coração e os rins), as fraquezas de cada um e até a vontade de viver. É particularmente cruel para os jovens e os idosos, que, em alternativa, crescem desnutridos ou sofrem sozinhos em lares asfixiantes.

A verdade simples é esta: como as temperaturas do planeta aquecem, o mesmo acontece com a temperatura do nosso corpo. Todos os anos, a partir daqui, atingirá um nível de calor que outrora se pensava ser impossível.

Alargar o acesso ao Ar Condicionado é fundamental — e tem de acontecer dentro de um quadro renovável, que não liberte mais gases com efeito de estufa para a atmosfera.

Os investigadores também defendem o uso de ventiladores elétricos mais baratos, telhados verdes, janelas de vidro com películas protetoras, acesso generalizado a água limpa e vestuário com regulação de temperatura.

Os seres humanos poderiam provavelmente evoluir e aclimatar-se a um planeta em ebulição. Mas não temos tempo. É hora de aceitar que as ondas de calor já não são apenas uma chamada de atenção. São o novo normal, e terão um impacto mortal na saúde humana se não houver uma adaptação em conformidade.

Inês Costa Macedo, ZAP Notícias //

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