As estrelas-do-mar amputam as suas próprias pernas

Maurice Elphick / Queen Mary University of London

As estrelas-do-mar perdem os braços (autotomia) quando atacadas por predadores e depois regeneram um novo braço para substituir o braço perdido

Uma equipa de cientistas descobriu como as estrelas-do-mar amputam facilmente as suas próprias pernas para sobreviver a ataques de predadores.

Ao estudarem a estrela-do-mar, Asterias rubens, identificaram uma neuro-hormona semelhante à hormona da saciedade humana, a colecistoquinina, como reguladora do desprendimento dos braços

Num novo estudo, publicado na semana passada no Current Biology, os investigadores identificaram o neuropeptídeo que atua como um fator de promoção da autonomia nas estrelas-do-mar. A descoberta desta molécula, designada ArSK/ CCK1, marca a primeira vez que uma molécula é associada à regulação da autotomia nos animais.

Os neuropéptidos são pequenas moléculas semelhantes a proteínas utilizadas pelos neurónios para comunicar entre si e com outras células do organismo. Neste caso, a ArSK/CCK1 pertence a uma família de neuropeptídeos relacionada com a sulfacinina nos insetos e com a colecistocinina nos vertebrados, conhecidas por regularem o comportamento alimentar e as respostas ao stress.

Segundo o Study Finds, os cientistas também conceberam uma experiência que combina a estimulação médica com a injeção de neuropeptídeos. Além disso, fixaram um braço de cada estrela-do-mar a meio do seu comprimento e depois injetaram ArSK/CCK1, um neuropeptídeo chamado ArSK/CCK2, ou água como controlo.

Nas estrelas-do-mar injetadas com ArSK/CCK1, 85% autotomizaram o braço preso.  Em contrapartida, as estrelas-do-mar injetadas com ArSK/CCK2 apresentaram uma taxa de autotomia inferior (27%), enquanto as injetadas com água não se autotomizaram.

“As nossas descobertas esclarecem a complexa interação entre as neuro-hormonas e os tecidos envolvidos na autotomia das estrelas-do-mar. Embora tenhamos identificado um elemento-chave, é provável que outros fatores contribuam para esta capacidade extraordinária”, conclui a autora principal do estudo, Ana Tinoco.

Esta investigação abre portas para a exploração do potencial regenerativo de outros animais, incluindo os seres humanos. Os cientistas esperam que, ao decifrar os segredos da auto-amputação da estrela-do-mar, possa haver uma maior compreensão da regeneração dos tecidos e novas terapia para lesões dos membros.

Soraia Ferreira, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.