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As crias desta aranha comem a própria mãe (e a tia também não escapa)

berniedup / Flickr

A aranha Stegodyphus dumicola

Uma equipa de investigadores dinamarqueses descobriu que não são só as mães da espécie Stegodyphus dumicola que se sacrificam para que as crias não passem fome. As fêmeas sem ovos fazem o mesmo.

Todos sabemos que criar filhos não é tarefa fácil. Mas, no caso das mães da espécie Stegodyphus dumicola, a realidade é ainda mais dura. Geralmente, estas aranhas têm uma esperança média de vida muito curta porque, se o alimento for escasso, oferecem o próprio corpo às crias para que estas não fiquem sem comer.

E se está a pensar que as fêmeas sem filhos acabam por se safar, desengane-se. As aranhas que nunca tiveram filhos também se oferecem como sacrifício para os seus “sobrinhos”.

Um novo estudo, publicado na Animal Behaviour, mostra que as fêmeas virgens em ninhos comunais (as tias, chamemos-lhes assim) ajudam as mães aranhas no desempenho dos seus deveres maternos, um fenómeno chamado de “alloparenting”.

No caso da Stegodyphus dumicola, os investigadores acreditam que se trata de um “extremo e suicida cuidado materno”, também conhecido como “matrifagia”, isto é, quando as mães desistem dos seus corpos para alimentar as próprias crias.

“As aranhas literalmente começam a alimentar-se da fêmea enquanto ainda está viva”, descreve o o biólogo Trine Bilde, da Universidade Aarhus, na Dinamarca. “Mas sem agressão aparente. É como se a própria fêmea convidasse as crias da família para se alimentarem do seu corpo”, continua.

O estudo envolveu a observação de 200 experimentos durante dez semanas. O que mais surpreendeu os investigadores foi o sacrifício das fêmeas que não eram mães.

A equipa pensa que se trate de um mecanismo evolutivo, uma vez que o objetivo é passar os genes aos próximos, mesmo que não sejam daquela aranha específica, mas sim de uma parente próxima.

“Quanto mais cópias dos genes forem propagadas para a próxima geração, melhor, por isso, oferecer o seu corpo como comida é uma solução evolutiva que faz sentido”, diz Bilde.

Outra hipótese, avançada pelo biólogo Jonathan Pruitt, da Universidade da Califórnia, nos EUA, que não participou no estudo dinamarquês, é que as aranhas simplesmente não são suficientemente inteligentes para perceber que aquelas crias não são suas.

“Suspeito que as fêmeas não são capazes de discriminar entre os próprios ovos e o das outras. A colónia é composta por indivíduos geneticamente próximos, então mesmo que produzam os seus próprios ovos, há sempre benefícios em ajudar as parentes”, conclui.

Uma coisa é certa: nunca devemos questionar o amor de mãe e, pelos vistos, de tia.

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