No Ártico, a chuva vai passar a ser mais comum do que a neve (décadas mais cedo do que se pensava)

Novos modelos mostram um aumento acentuado da taxa e da amplitude de precipitação que se espera que caia no Ártico. A mudança, precipitada pelo rápido aquecimento e consequente perda de gelo marinho, vai acontecer mais cedo do que o previsto.

Enquanto que as novas projeções alertam para um outono dominado por temporais já entre os anos de 2050 e 2080, a estimativa anterior era de que isso só iria acontecer entre 2070 e 2090, detalha o SciTechDaily.

“Há enormes ramificações destas mudanças, como uma redução da cobertura de neve, aumento do degelo do permafrost, mais eventos de chuva em comparação com a neve e maiores eventos de inundações devido ao aumento das descargas fluviais, tudo isto com implicações nas populações de vida selvagem e na subsistência humana”, disse Michelle McCrystall, líder da investigação.

O facto de ter caído chuva no ponto mais alto do manto de gelo da Gronelândia, pela primeira vez, em agosto, foi considerado pelos cientistas como um prenúncio das conclusões deste estudo.

“Quando falamos sobre a possibilidade de isto acontecer em 2100, parece que está muito longe no tempo, mas são apenas 80 anos. É a próxima geração. E se continuarmos a trajetória que estamos a seguir, muitas questões poderão acontecer ainda mais depressa do que aquilo que projetamos”, completou a investigadora.

A redução da cobertura de neve irá exacerbar ainda mais o aquecimento do Ártico (e até global) através de feedbacks de albedo, aumento dos fluxos de dióxido de carbono no Inverno, libertação de metano do solo e descongelamento do permafrost.

Já a precipitação irá afetar a humidade do solo, as águas subterrâneas e as redes subterrâneas de fungos que suportam toda a flora acima do solo.

Além disso, a chuva pode congelar e criar camadas de gelo, inibindo certas espécies, como renas, de aceder a alimentos enterrados.

“A questão é que o Ártico está a mudar tão rapidamente que a vida selvagem poderá não ser capaz de se adaptar“, disse Mark Serreze, co-autor do estudo.Este não é um problema apenas dos animais, como também das pessoas que dependem deles para sobreviver.

O novo estudo, publicado na Nature Communications, foi liderado pela Universidade de Manitoba (UM) e co-autorizado por cientistas do National Snow and Ice Data Center (NSIDC) na University of Colorado Boulder.

ZAP //

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