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Pela primeira vez, o Ártico ainda não tem gelo em outubro

Pela primeira vez desde que há registos, o principal viveiro de gelo marinho do Ártico, o Mar de Laptev, na Sibéria, ainda não começou a congelar no final de outubro.

O Mar de Laptev mantém-se em estado líquido a poucos dias de terminar o mês de outubro. Normalmente, navegar lá nesta altura do ano seria impossível devido ao gelo. O clima mais quente no norte da Rússia e a intrusão de águas do Atlântico fazem com que este mar ainda não tenha congelado nesta altura do ano, escreve o jornal britânico The Guardian.

Os investigadores alertam que isto é resultado da crise climática, que pode produzir efeitos indiretos em toda a região polar.

“É bastante incomum a lentidão com que o gelo está a formar-se neste inverno na região da Eurásia”, disse Julienne Stroeve, investigadora do National Snow and Ice Data Center, no Colorado, em declarações à VICE. “Olhando para as temperaturas da superfície do mar, podemos ver que as temperaturas ainda estão vários graus acima do ponto de congelamento e também significa que as temperaturas do ar próximo à superfície também estão elevadas”.

“A falta de congelamento até esta altura não tem precedentes na zona do Ártico siberiano”, refere, por sua vez, Zachary Labe, investigador na Universidade estatal do Colorado, nos Estados Unidos.

A temperatura das águas na área está cinco graus acima do habitual para esta época, em linha com o inverno passado.

“Os últimos 14 anos, de 2007 a 2020, caracterizaram-se pelas mais baixas extensões de gelo desde o início dos registos por satélite, em 1979”, diz Walt Meier, cientista do National Snow and Ice Data Center.

Como há menos gelo no mar, uma menor quantidade de calor é refletida para o espaço, fazendo com que o aquecimento de toda a região acelere.

Este ano, o gelo do mar Ártico encolheu para a segunda menor extensão desde que há registos, ou seja desde o final dos anos 70 – anunciaram os cientistas da NASA.

Uma análise de dados do satélite da NASA e do National Snow and Ice Data Center mostra que a extensão mínima de 2020 foi, provavelmente, alcançada a 15 de setembro, e estimou que esta media 3,74 milhões de quilómetros quadrados.

Nas últimas duas décadas, a extensão de gelo do mar Ártico no verão diminuiu acentuadamente. A menor extensão de gelo que foi registada, aconteceu em 2012, depois de uma tempestade assolar a região, e quebrar o pouco gelo que ainda existia. A extensão do ano passado ficou em segundo lugar, até que a deste ano conseguiu um novo recorde.

ZAP //

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