Arthur C. Clarke previu o futuro. E acertou

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x-ray delta one / Flickr

Arthur C. Clarke em 1968 com os pods de "2001 - Odisseia no Espaço", filme baseado na sua novela com o mesmo nome.

Arthur C. Clarke em 1968 com os pods de “2001 – Odisseia no Espaço”, filme baseado na sua novela com o mesmo nome.

Numa conferência em 1976, Arthur C. Clarke antecipou o que seria o século XXI — e pelo menos oito dos cenários estão corretos, antevendo situações que hoje parecem banais, mas que há quase 50 anos eram apenas visões fantasiosas de  mundos improváveis.

O inventor e escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke, autor do livro 2001: Odisseia no Espaço, deixou uma vasta obra de divulgação científica.

A sua contribuição de maior importância para a ciência é provavelmente o conceito de satélite geoestacionário , que propôs num artigo científico intitulado “Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?”.

A órbita geoestacionária é também conhecida, desde então, como órbita Clarke.

Mas a obra de Clarke está repleta de ideias revolucionárias, que antecipavam futuros inimagináveis na altura em que as lançou.

Sir Arthur C. Clarke morreu em 2008, sem ter tido oportunidade de conhecer a forma como as inovações dos últimos anos na ciência e tecnologia vieram concretizar muitas das visões futuristas que tinha.

Em 1976, numa conferência da AT&T/MIT, antecipou o futuro do século XXI e conseguiu acertar em, pelo menos, oito previsões.

O escritor conseguiu prever com sucesso, por exemplo, a invenção do satélite de comunicações e a criação do Google.

Nesta conferência, Arthur C. Clarke previu cenários que estão agora muito próximo de se tornar realidade, como as viagens espaciais pelo prazer de viajar.

A SpaceX de Elon Musk e a Virgin Galactic de Richard Branson foram as primeiras empresas a abrir o caminho para a concretização desta ideia, e exemplo de uma visão de Clarke que se tornou realidade é a recente viagem de Mário Ferreira ao espaço.

Mas muitos outros dos cenários futuristas de Clarke estão corretos, como é o caso do desenvolvimento dos computadores. No tempo das fitas perfuradas, o escritor previu que um teclado seria unido a um ecrã para que a comunicação com o mundo exterior pudesse acontecer.

Para além disso, o escritor aponta os dispositivos interligados como o futuro, na medida em que “vão permitir que enviemos mais informação para os nossos amigos, para trocar informações gráficas, dados, livros e mais”. Arthur C. Clarke adivinhou a internet.

O escritor britânico afirmou também que as chamadas em vídeo seriam comuns no século XXI — um conceito que explorou no seu “2001 Odisseia no Espaço”. Hoje, são um conceito omnipresente na nossa vida, quer nas comunicações pessoais quer nas videochamadas empresariais.

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Em "2001, Odisseia no Espaço", escrito em 1968, Arthur C. Clarke previu chamadas telefónicas com vídeo.

Em “2001, Odisseia no Espaço”, escrito em 1968, Arthur C. Clarke previu chamadas telefónicas com vídeo.

O e-mail foi também antecipado por Clarke, que o descreveu como um meio de comunicação puramente digital que facilitasse a comunicação em tempo real como um complemento ao telefone da época.

O próprio telefone viria a sofrer alterações que o escritor previu, como por exemplo que os equipamentos se tornariam móveis e que seriam de tal forma integrados no quotidiano das populações que operaria uma “reestruturação na sociedade”.

O escritor antecipa ainda o telecommuting, que consistia no aproveitamento das tecnologias digitais para que se pudesse trabalhar em casa tal como se se estivesse no escritório, enquanto realidade comum.

Esta é uma das mais recentes visões de Clarke que se tornaram realidade — e  a pandemia de covid-19 veio tornar o teletrabalho incontornável.

Uma das previsões que corresponde na perfeição ao século XXI passa pela criação de uma “máquina” que teria a capacidade de procurar informações numa espécie de “biblioteca central”, ou seja, o desenvolvimento de um motor de busca. O Google é um exemplo da concretização deste cenário.

Por fim, Arthur C. Clarke antecipou o desenvolvimento de uma tecnologia que permitisse a existência de smartwatches. E atualmente, os relógios inteligentes estão por todo o lado nos pulsos de milhões de pessoas

Uma mais importantes antecipações científicas de Clarke está por concretizar: o seu elevador espacial, invenção descrita na sua premiada novela The Fountains of Paradise.

Mas a verdade é que em 2018 uma equipa de investigadores  da Universidade Shizuoka, no Japão, começou a construir o protótipo de um projeto destinado a construir um “elevador espacial“ para ligar a Terra à Estação Espacial Internacional.

Ao contrário de Nostradamus, as previsões de Arthur C. Clarke eram precisas e detalhadas. E, na maior parte dos casos, concretizaram-se mesmo.

ZAP //

2 Comments

  1. Não é de admirar, a tecnologia desenvolvida nas e entre as duas guerras mundiais muito contribuíram para o mundo que conhecemos hoje em dia. Arthur C. Clark era um insider e tinha, com certeza, acesso a projetos governamentais então embrionários .
    Não se pode precisar de onde os visionários vão buscar as suas ideias, se é de inspiração religiosa ou se é baseada em conhecimentos disponibilizado apenas a meia dúzia de indivíduos. Há que manter uma mente aberta e não insistir a 100% apenas numa das versões. Ambas se complementam e podem aprender muito uma com a outra.

  2. Ao lançar previsões está a dar ideias que os técnicos e cientistas vão desenvolver e tornar realidade
    Não é coincidência nem adivinhação
    É inspiração

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