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Arqueólogos encontram quarto de banho público pré-histórico gigante

O quarto de banho mais antigo do mundo, por Emilio Lopez Rolandi

O quarto de banho mais antigo do mundo, por Emilio Lopez Rolandi

Um gigantesco “quarto de banho público” criado no início da era dos dinossauros foi descoberto e desenterrado na Argentina.

Segundo os cientistas responsáveis pelo achado, milhares de fezes fossilizadas foram encontradas aglomeradas, possivelmente deixadas por herbívoros de grande porte semelhantes a rinocerontes.

O local, usado há 240 milhões de anos, é tido como o “quarto de banho público mais antigo do mundo” e é também a primeira evidência de que antigos répteis dividiam o mesmo local para fazer as suas necessidades.

O excremento animal traz indícios da dieta pré-histórica, de doenças e da vegetação local, diz o estudo, divulgado na Scientific Reports, publicação científica de acesso livre dos mesmos publishers da revista Nature.

Elefantes, antílopes e cavalos estão entre os animais modernos que defecam em locais socialmente acordados, para marcar território e reduzir a propagação de parasitas.

Mas nenhum desses locais se compara, em termos de dimensão, à escala desta latrina, que bate o recorde anterior de “WC mais antigo” por 220 milhões de anos.

Coprólitos, fezes fossilizadas de dinossauros, medindo cerca de 40cm e pesando vários quilos, foram encontrados em sete áreas enormes da Formação Chañares, na província de La Rioja, Argentina.

 

Não se evacua onde se come

Alguns dos dejectos tinham o formato de salsicha, outros eram mais ovais, com cores que variavam de branco acinzentado a castanho arroxeado escuro.

“Não há dúvidas de quem foi o responsável”, afirma à BBC o investigador Lucas Fiorelli, do centro regional de investigações científicas Crillar-Conicet, que descobriu os cropólitos.

O investigador Lucas Fiorelli (foto: academia.edu)

O investigador Lucas Fiorelli (foto: academia.edu)

“Apenas uma espécie poderia produzir montes tão grandes, e nós encontramos os seus ossos por toda parte no local.”

O “autor da obra” foi o Dinodontosaurus, um megaherbívoro de 2,5 metros de comprimento, similar aos rinocerontes modernos.

Esses animais eram dicinodontes – grandes répteis comuns no período Triássico, altura em que os primeiros dinossauros começaram a emergir.

O facto de que os dinossauros dividiam latrinas sugere que eram gregários, animais herbívoros, que tinham boas razões para evacuar estrategicamente, diz Fiorelli. “Em primeiro lugar, era importante para evitar parasitas – como diz o ditado, não se evacua onde se come”.

“Mas é também um aviso ao predadores. Ao deixar uma grande quantidade de fezes, estão a dizer: Ei, nós somos um grande rebanho. Cuidado!”

O predador nesse caso era o formidável Luperosuchus, um carnívoro que faz lembrar um crocodilo, com cerca de 8 metros de comprimento.

Mas as áreas com excrementos eram também intimidantes. Os investigadores registaram uma densidade de 94 fezes por metro quadrado, e os excrementos estavam espalhados por faixas com até 900 metros quadrados.

 

Cápsulas do tempo

Coprólitos pré-históricos não são novidade, mas é extremamente raro encontrar uma acumulação tão antiga e substancial como esta, porque as fezes degradam-se muito facilmente.

Mas uma camada de cinza vulcânica preservou os montes de fezes “como Pompeia”, disse Fiorelli. Estes coprólitos são como cápsulas do tempo.

“Quando abertos, eles revelam fragmentos de plantas extintas, fungos e parasitas do intestino”, afirma Martin Hechenleitner, que também participou do estudo. “Cada uma das fezes é um retrato do antigo ecossistema, da vegetação e da cadeia alimentar.”

“Essa foi uma época crucial na história da evolução. Os primeiros mamíferos estavam lá, vivendo junto com o avô dos dinossauros”, acrescenta Hechenleitner, concluindo que “talvez com esses mesmos fósseis nós possamos ter uma ideia sobre o ambiente perdido que deu origem aos dinossauros”.

Cada pedaço gigante destas fezes de dinossauro é uma cápsula do tempo... (foto: Lucas Fiorelli)

Cada pedaço gigante destas fezes de dinossauro é uma cápsula do tempo… (foto: Lucas Fiorelli)

ZAP / BBC

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