M. Ullman

Uma descoberta que revoluciona os pressupostos que fazíamos sobre as fronteiras comerciais na Ásia Interior — e que prova que a dinastia Xi Xia pensava mais à frente do que achávamos.
Afinal, a Muralha de Gobi — uma grande estrutura e até agora pouco conhecida no deserto da Mongólia — não era apenas uma barreira defensiva, mas um instrumento complexo de estratégia imperial durante a dinastia Xi Xia (1038-1227 d.C.).
As conclusões são de um novo estudo publicado na revista Land em maio. Uma equipa de arqueólogos descobriu que, afinal, mais do que uma barreira física, a misteriosa muralha servia para controlar o movimento ao longo da fronteira, regular o comércio e impor a autoridade territorial.
A muralha e os seus complexos de guarnição foram construídos principalmente durante o período Xi Xia (1038-1227 d.C.), uma dinastia governada pela tribo Tungut da China Ocidental e do Sul da Mongólia, conta a SciTechDaily.
E não foi construída ao acaso — o traçado da muralha foi cuidadosamente selecionado em função da disponibilidade de recursos, nomeadamente água e madeira.
Os mongóis tinham já, assim, atenção às caraterísticas geográficas naturais, como passagens de montanha e dunas de areia, para aumentar a eficácia da muralha.
“Esta investigação desafia os pressupostos de longa data sobre os sistemas de fronteiras imperiais na Ásia Interior“, diz o investigador Shelach-Lavi. “A Muralha de Gobi não era apenas uma barreira — era um mecanismo dinâmico para governar o movimento, o comércio e o controlo territorial num ambiente desafiante”.