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Um investigador da Universidade de Harvard, conhecido pelo seu trabalho sobre a “armadilha de Tucídides”, diz que uma guerra entre as duas potências mundiais é provável, mas não inevitável: a interdependência entre os dois rivais pode ajudá-los (ou obrigá-los) a evitar o conflito.
A interdependência entre a China e os Estados Unidos em áreas como a economia e o clima pode ajudar as duas potências a evitar um conflito militar, diz o proeminente académico e especialista em Relações Internacionais Graham Allison.
“Guerra entre os EUA e a China: Inevitável? Não. É provável? Sim“, afirmou Allison, reitor fundador da Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard e antigo secretário adjunto da Defesa do ex-presidente, Bill Clinton, no Fórum da China do Harvard College que decorreu este domingo.
Allison é conhecido por ter popularizado a expressão “armadilha de Tucídides” — a a aparente tendência inexorável para a guerra entre uma potência emergente que ameaça substituir uma grande potência, já consolidada como hegemónica, no sistema internacional.
O termo tem o nome do antigo historiador grego Tucídides, que fez um relato detalhado e imparcial da Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta.
Tucídides também foi um dos primeiros a notar que as pessoas que sobreviviam às epidemias de peste em Atenas eram poupadas durante os surtos posteriores da mesma doença — conhecimento que seria mais tarde a base da vacinação.
Pequim considera a armadilha de Tucídides como um quadro fundamental para a análise das relações entre a China e os EUA. Entre as elites chinesas, incluindo o Presidente Xi Jinping, muitas vozes têm feito referência a esta ideia — embora não considerem inevitável a ocorrência de uma guerra.
O discurso de Allison, recorda o SCMP, foi proferido depois de na semana passada o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter imposto tarifas adicionais de 34% à China, uma decisão que provocou uma reação imediata de Pequim.
Esta última ronda de aumento nas taxas aduaneiras, a terceira desde que Trump regressou à Casa Branca, em janeiro, elevou as tarifas totais sobre a importação de produtos chineses para 54%.
As rápidas medidas de retaliação da China suscitaram preocupações de que as duas potências estejam a entrar numa competição ainda mais feroz, enquanto a sua vontade de negociar está a diminuir.
No entanto, Allison afirmou que a interdependência entre a China e os EUA, especialmente em áreas cruciais como a economia, as finanças e o clima, poderia ajudar os dois rivais a evitar a guerra.
Allison aponta ainda para o conceito da Destruição Mútua Assegurada, uma doutrina da época da Guerra Fria que defendia que dois países com armas nucleares tendiam a evitar conflitos porque a ameaça de aniquilação mútua os dissuadiria de iniciar uma guerra.
Segundo Allison, esta estratégia continua a aplicar-se nas relações entre os EUA e a China e a interligação entre as duas potências ultrapassa o domínio nuclear.
“Se cederem ao vosso instinto de me atacarem na esperança de me destruírem, devem lembrar-se que estão a cometer suicídio também para a vossa própria sociedade”, disse. “Uma vez que a sobrevivência é um impulso bastante fiável e robusto, isso produz uma precaução, e deve produzir uma precaução.”
Allison acrescenta que a probabilidade de a China e os Estados Unidos acabarem por entrar em conflito será diretamente influenciada pelos incentivos que possam ter para competir ou colaborar.
Se Pequim e Washington optarem por competir, diz Graham Allison, assistiremos à “mais feroz rivalidade de Tucídides que a história alguma vez viu“.
Allison encontrou-se com Xi em março do ano passado, durante uma viagem a Pequim, onde também se reuniu com funcionários da diplomacia chinesa, incluindo o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.
“As economias dos EUA e da China estão intimamente ligadas e só através de uma coexistência pacífica é que os dois países podem alcançar o seu próprio desenvolvimento e prosperidade. A armadilha de Tucídides não é inevitável“, afirmou Xi durante a reunião do ano passado.
Numa entrevista concedida pouco depois da sua viagem a Pequim, Allison avisou que as pressões estruturais de uma China em ascensão e de um EUA dominante tornavam as tensões inevitáveis — que uma liderança determinada e uma comunicação sustentada poderiam evitar.
Enquanto o poder estiver nas mãos dos ricos, todos os outros pagarão as facturas, inclusive com a vida.
Essa visão está ultrapassadíssima, Já foi tentada e não resultou (tirar os ricos do poder e colocar pobres). Os “ricos” têm costas largas. Não digo que não os haja incompetentes para exercer o poder. Mas “pobres” a exercer o poder, não acontece por muito tempo, tendem a ficar ricos rapidamente, porque será? Portanto, o problema não é esse.