Arguidos dos Hell Angels dizem poder provar que estavam noutro lado na altura do crime

Os primeiros dois arguidos do caso Hell Angels ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), na quarta-feira, negaram ter estado envolvidos no espancamento de um grupo motard rival ocorrido no Prior Velho, em Loures, em março de 2018.

Vigiados pela PJ e pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) há vários anos, acabou por ser um ataque dos Hells Angels a elementos de um grupo rival – Os Bandidos – cuja liderança estava a ser pretendida pelo ex-líder dos skinheads, Mário Machado, a desencadear todas as detenções.

Em março de 2018, um grupo de cerca de 40 de motards invadiram, com barras de ferro, paus e facas, um restaurante no Prior Velho, para agredir os rivais. Entre eles estava Mário Machado, que escapou ileso, com um historial de conflitos com os Hells Angels, do tempo em que liderava a fação mais violenta dos cabeças rapadas no nosso país, os Portuguese Hammerskins.

Esta quarta-feira, de acordo com o jornal Público, foram ouvidos os arguidos Jorge Lourenço e Vítor Pereira. Os dois prestaram declarações nesta primeira sessão da fase de instrução que durou cerca de duas horas. Nas suas declarações, os arguidos disseram ter testemunhas que poderiam comprovar que não estavam presentes no crime.

O advogado José Carlos Cardoso, que representa vários arguidos, afirmou à entrada para o TCIC que o que faz mais sentido é “ouvir os arguidos apenas depois de produzida a prova”. Segundo o advogado, esta fase de instrução que é facultativa e tem como objecivo a defesa tentar desmontar os indícios que o Ministério Público considera, na acusação, suficientes para condenar os arguidos.

A “criminalidade especialmente violenta e altamente organizada”, e as suspeitas de prática de crimes que vão desde a tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física, danos, associação criminosa, estão entre as motivações para uma operação que teve início em julho de 2018, e deteve 60 pessoas. Dos detidos em 2018, 38 continuam em prisão preventiva.

O Ministério Público acusou 89 alegados membros desta organização dos crimes de tentativa de homicídio qualificado, terrorismo, extorsão e associação criminosa, mas também de tráfico de droga, entre outros crimes, uma vez que foram encontrados estupefacientes na posse de alguns dos suspeitos.

Dois dos detidos foram condenados pela morte do cabo-verdiano Alcindo Monteiro, em 1995, no Bairro Alto. Estavam entre o grupo de skinheads que agrediu violentamente vários negros na noite de 10 de junho.

Ambos os grupos de motards têm ligações à extrema-direita violenta, com ostentação de símbolos neonazis por alguns dos seus elementos. São considerados uma ameaça à segurança nacional.

ZAP //

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