O líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, advertiu este domingo que a Arábia Saudita vai sofrer uma “vingança divina” pela execução do líder religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr, “um mártir” que foi morto “injustamente”.
“O derramamento injustificado de sangue deste mártir vai ter rápidas consequências”, afirmou Khamenei perante um grupo de clérigos na capital, referindo-se a Nimr al-Nimr, que foi executado juntamente com outros 46 homens, no sábado.
“Este académico não encorajava pessoas à ação armada nem conspirava secretamente. A única coisa de que é culpado foi de fazer duras críticas públicas, impelido pelo seu zelo religioso”, afirmou.
Os condenados – 45 sauditas, um egípcio e um chadiano – julgados em diferentes casos, foram executados com sabre ou fuzilados em 12 cidades da Arábia Saudita. Eram, na maioria, jihadistas da Al-Qaeda.
Nimr al-Nimr, que passou mais de uma década a estudar teologia no Irão e foi o impulsionador dos protestos xiitas contra o governo saudita desde 2011, foi um dos 47 xiitas e sunitas executados este sábado na Arábia Saudita.
A morte do líder religioso xiita provocou violentos protestos contra a embaixada da Arábia Saudita em Teerão.
Mais de mil pessoas participaram das manifestações, concentrando-se perto da Embaixada da Arábia Saudita, apesar da interdição do governo para evitar novos incidentes na sequência do ataque lançado durante a noite contra o prédio, que foi parcialmente queimado.
De acordo com a agência de notícias do Irão, os manifestantes lançaram cocktails molotov contra a Embaixada da Arábia Saudita e forçaram a entrada na representação diplomática, enquanto gritavam “morte a Al-Saud”, o nome da família reinante em Riade, e queimaram bandeiras norte-americanas e israelitas.
“Até agora, 40 pessoas que estão dentro da embaixada foram identificadas e presas. A investigação continua para identificar outros responsáveis pelo incidente”, afirmou este domingo o procurador da capital iraniana, Abbas Jafari Dolatabadi.
ONU pede calma nas reações à execução de 47 pessoas na Arábia Saudita
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou estar “profundamente consternado” com a execução, este sábado, de 47 pessoas na Arábia Saudita, incluindo a do religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr, e apelou à calma nas reações às mortes.
Em declarações divulgadas este domingo, Ban Ki-moon apelou “à calma e à moderação nas reações à execução de Nimr al-Nimr e pediu a todos os dirigentes da região para tentar evitar o agravamento tensões sectárias”, de acordo com o porta-voz da ONU.
A Amnistia Internacional também condenou a execução de 47 pessoas na Arábia Saudita. “O assassinato de al-Nimr sugere que as autoridades da Arábia Saudita estão a empregar a pena de morte em nome do antiterrorismo para ajustar contas e oprimir os dissidentes”, criticou, em comunicado, o diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.
Para a Amnistia Internacional, cumprir essas sentenças de morte, “quando há sérias dúvidas sobre a legitimidade do julgamento, é uma justiça monstruosa e irreversível”.
O dirigente religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr era um crítico feroz do regime saudita e foi condenado à morte em outubro de 2014 por rebelião, “desobediência ao soberano” e “porte de armas”.
Nimr al-Nimr esteve na liderança dos protestos da população xiita em 2011 e 2012 no Leste da Arábia Saudita, onde são maioritários, num país em que predomina o islamismo sunita, praticado por 85% dos 30 milhões de habitantes.
Este palhaço de olhos em bico vê mais alguma coisa que não seja servir a ditadura dos states !!!