A política também marcou presença na cerimónia da 96.ª edição dos Óscares de Hollywood, que decorreu na noite deste domingo, em Los Angeles. “Não está na hora de ir para a prisão?”, perguntou Jimmy Kimmel a Donald Trump.
À mesma hora que Portugal elegia o novo primeiro-ministro, decorria no outro lado Atlântico a 96.ª edição dos Óscares da Academia de Hollywood.
À mesma hora que, em Portugal, se ia pedindo que se despachassem a contabilizar os votos, porque já passava da “hora do Vitinho”; nos Estados Unidos da América (EUA) as sugestões foram bem mais “azedas”.
O apresentador dos Óscares, Jimmy Kimmel, disse que recebeu uma crítica negativa na rede Truth Social, vinda de “um ex-Presidente” [Donald Trump], a quem agradeceu que tivesse visto o espetáculo, mas perguntando se não era “hora da prisão”.
Kimmel leu a crítica à sua atuação em voz alta: “Alguma vez houve um apresentador pior do que Jimmy Kimmel nos Óscares?”, questionou Donald Trump, na Truth Social, por volta das 21h30, hora de Nova Iorque (01h30 em Lisboa)
“A sua atuação foi a de uma pessoa abaixo da média que se esforça por ser algo que não é e nunca poderá ser. Livrem-se do Kimmel e substituam-no talvez por outro talento da [televisão] ABC, George Slopanopoulos, que já está gasto, mas é barato”, acrescentou, referindo-se ao comentador George Stephanopoulos que fez parte da equipa do ex-Presidente Bill Clinton.
“Agora, vejam se conseguem adivinhar que ex-Presidente acabou de publicar isso no Truth Social”, desafiou Kimmel ao público dos Óscares, imediatamente antes do anúncio do vencedor de Melhor Filme, quando acabou de ler a mensagem, que acaba com um “blah blah blah… Make America great again”.
Kimmel então acrescentou: “Bem, obrigado, Presidente Trump. Obrigado por assistir. Mas estou admirado… Já não passou da hora de ir para a prisão?“.
O público na sala riu e aplaudiu, em reação ao comentário de Kimmel, numa referência aos quatro processos criminais em que Trump está acusado nos Estados Unidos da América (EUA).
Política sempre presente
O realizador de “A zona de interesse”, Jonathan Glazer, no discurso de aceitação do Óscar de Melhor Filme Internacional, alertou para o modo como a desumanização “molda todos os nossos passados e presentes”, recordando a ocupação israelita da Palestina, e o modo como esta “conduziu ao conflito” e tem impacto na vida de tantas pessoas, “das vítimas do 7 de outubro em Israel, ao ataque em curso em Gaza”. E deixou a interrogação: “Como é que resistimos?”
Antes da cerimónia, algumas ruas em redor do Dolby Theatre, em Los Angeles, onde decorreu a 96.ª edição dos Óscares, foram fechadas por causa de uma manifestação pelo cessar-fogo em Gaza. Bancas de vendedores ambulantes vendiam bandeiras da Palestina, como a agência Lusa observou no local.
Durante a cerimónia era visível que alguns artistas usavam ‘pins’ cor de laranja da campanha Artists4Ceasefire, como Billie Eilish e Finneas O’Connell, os atores de “Pobres criaturas” Mark Ruffalo e Ramy Youssef, a realizadora Ava DuVernay e o ‘rapper’ britânico Riz Ahmed, entre outros.
Os atores Milo Machado-Graner e Swann Arlaud, de “Anatonia de uma queda”, levaram ‘pins’ com a bandeira palestiniana nas suas lapelas, como documentam fotografias das agências internacionais.
A guerra na Ucrânia também esteve presente.
O jornalista e realizador ucraniano Mstyslav Chernov, distinguido com o Óscar de Melhor Documentário pelo filme “20 days in Mariupol”, que testemunha o cerco imposto pela invasão militar russa, desafiou o público a contar a verdade sobre o passado, no seu discurso de aceitação: “Todos juntos podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure”.
E concluiu: “O cinema cria memória e a memória faz a História”.
O Óscar de Melhor Documentário é o primeiro conquistado por um cineasta ucraniano e é também o primeiro a distinguir o trabalho de uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história.
ZAP // Lusa