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O ânus desta criatura marinha só aparece quando precisa

mr-pi / Flickr

Mnemiopsis leidyi

Devemos ser gratos por ter ânus, uma vez que existem animais que defecam pela boca. No entanto, há uma criatura marinha cujo ânus só aparece quando sente necessidade de defecar.

A natureza apanha-nos muitas vezes de surpresa ao presentear-nos com criaturas muito estranhas que, como não têm ânus, defecam pela boca. No entanto, nunca havíamos visto um ser vivo capaz de fazer o seu ânus aparecer e desaparecer, conforme as suas necessidades.

Falamos da Mnemiopsis leidyi, conhecida como noz-do-mar, que pertence a um grupo de invertebrados marinhos chamados ctenóforos, e encarada por muitos como a vida animal mais antiga do planeta.

Num recente artigo, publicado na Invertebrate Biology, esta espécie é descrita como tendo um “ânus transitório”. Resumidamente, o que os cientistas descobriram é que esta noz-do-mar tem um buraco que desaparece e reaparece, conforme as suas necessidades.

Segundo os investigadores, a Mnemiopsis leidyi engole pequenos crustáceos e peixes pequenos através de uma abertura, algo que se parece com a nossa boca. De seguida, a comida passa pela garganta e desce até ao esófago onde é esmagada. Depois disso, chega finalmente ao estômago, que aparenta ter a forma de um funil.

Os componentes que são demasiado grandes para serem digeridos regressam à “boca” do animal, enquanto que o resto percorre uma rede de canais que distribuem os nutrientes por todo o corpo.

A última etapa desta viagem incluí dois canais, e ambos terminam num beco em forma de Y. Os cientistas assumiram desde sempre que havia uma espécie de abertura em cada um destes canais, de modo a permitir que os pedaços de alimento esmagado fossem excretados.

Todavia, o biólogo Sidney Tamm não conseguiu encontrá-los. “O ânus é invisível entre as defecações. Não o conseguimos ver com os nossos olhos, nem sequer com um microscópio”, afirmou, citado pelo Gizmodo.

Tamm / Invertebrate Biology

Além disso, os investigadores explicam no artigo científico que esta espécie utiliza apenas uma das extremidades dos canais em forma de Y – enquanto uns usam o canal da esquerda, outros fazem uso do canal da direita.

Segundo Tamm, quando um dos canais incha, empurra os detritos para a borda externa, fazendo com que, no último momento, a criatura “cresça”: isto é, o canal funde-se com a pele externa de modo a formar um poro anal, que é imediatamente selado mal que os detritos se soltam.

“O buraco fica cada vez maior até o lixo sair. Nesse momento, o anel de fusão diminui e fecha-se completamente“, explica o biólogo ao ScienceAlert.

No que diz respeito a animais relativamente complexos, os ctenóforos representam provavelmente o ramo mais antigo da árvore genealógica, o que os torna em organismos bastante úteis para estudar, se quisermos encontrar algumas pistas sobre como as estruturas anatómicas fundamentais surgiram pela primeira vez.

ZAP //

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