Antibiótico “inteligente” mata bactérias mortais ao mesmo tempo que poupa o microbioma

ZAP // Dall-E-2

O recente avanço científico poderá constituir um marco na batalha contra a resistência aos antibióticos, uma das maiores ameaças à saúde mundial.

Cientistas da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo antibiótico chamado lolamicina que tem a capacidade de matar bactérias nocivas, ao mesmo tempo que preserva as bactérias intestinais saudáveis.

Ao contrário dos antibióticos tradicionais, que matam indiscriminadamente todas as bactérias, a lolamicina ataca um sistema específico que só existe nas bactérias gram-negativas, um tipo de bactéria responsável por muitas infeções graves.

Isto permite que o antibiótico elimine bactérias patogénicas sem afetar as bactérias benéficas do intestino, preservando assim o equilíbrio do microbioma intestinal.

Em laboratório, com experiências realizadas em cobaias, a lolamicina demonstrou ser eficaz no combate a infeções por bactérias gram-negativas multirresistentes, incluindo E. coli, K. pneumoniae e E. cloacae.

Aliás, segundo a Nature, em ratos com sepse – uma infeção grave no sangue –, a lolamicina salvou 100% dos animais, enquanto em ratos com pneumonia resistente a antibióticos, a taxa de sobrevivência foi de 70%.

Outro fator positivo foi o facto de este antibiótico não ter causado mudanças drásticas na composição do microbioma intestinal das cobaias.

Os resultados deste estudo representam um avanço significativo na luta contra a resistência aos antibióticos.

Contudo, ainda que a lolamicina possa ser eficaz contra bactérias resistentes aos antibióticos tradicionais, e sem prejudicar a saúde intestinal, são necessários mais estudos em humanos para confirmar a segurança e eficácia deste fármaco.

A resistência aos antibióticos é, segundo a Organização Mundial da Saúde, uma das maiores ameaças à saúde mundial, ao desenvolvimento e à segurança alimentar, podendo afetar qualquer pessoa, independentemente da idade ou do país em que vive. Causa cerca de 1,27 milhões de mortes diretas por ano e contribui para mais 4,19 milhões de outras mortes.

Segundo dados da OMS, o uso excessivo de antibióticos durante a pandemia de covid-19 pode ter agravado a resistência antimicrobiana. Recentemente, a organização das Nações Unidas apresentou uma nova lista de superbactérias que considera uma ameaça à saúde humana devido à sua crescente resistência aos antibióticos.

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