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Angola arrisca os mesmo problemas do Brasil se mantiver poder da Sonangol

Paulo César Santos

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A companhia petrolífera estatal de Angola (Sonangol) não devia ter tanto poder na definição e gestão dos direitos de exploração, sob pena de Angola sofrer os mesmos problemas e atrasos que o Brasil, avisa Virendra Chauhan, da Energy Aspects.

Em entrevista à Lusa, o consultor de uma das principais empresas de consultoria na área energética explica que foi a excessiva preponderância dada à Petrobras na gestão dos projetos brasileiros no petróleo que originou os vários atrasos com que o Brasil se tem confrontado na produção, e acrescenta esperar que a Sonangol não siga o mesmo caminho, porque senão os investidores vão, pura e simplesmente, investir noutro sítio.

“Se realmente encontrar grandes reservas no pré-sal [uma camada do solo, imediatamente após o sal petrificado que compõe o fundo dos oceanos], Angola devia olhar para o Brasil e ver como se desenvolveu a exploração, para poder comercializar de forma mais eficiente e garantir que os erros do Brasil não acontecem também em Angola”, argumentou o analista, lembrando que “o ambiente em que as empresas operam é cada vez mais desafiante, complexo e técnico”.

Por isso, sublinha Chauhan, “se [as autoridades] tornarem as coisas mais e mais complicadas para as grandes companhias petrolíferas internacionais, elas vão concluir que é muito caro e difícil operar no país, e que não faz sentido economicamente” investir em Angola.

Energy Aspects

O consultor Virendra Chauhan

O consultor Virendra Chauhan

Virenda Chauhan, que segue de perto a evolução do setor da energia em países como Angola, Brasil e Moçambique, explica, em entrevista à Lusa, que “as maiores companhias petrolíferas internacionais, como a Shell, Total ou Eni, ou seja, as que têm direitos de exploração de uma perspetiva do investidor, estão a olhar para os números e se a Sonangol operar como a Petrobras, dizendo “quem manda somos nós”, então Angola torna-se cada vez menos atrativo para os investidores”, explica.

Isto porque “a perfuração em águas profundas precisa de injeções enormes de capital, e exige um horizonte de investimento de pelo menos uma década, por isso se a Sonangol ou a Petrobras tornarem o processo menos atrativo, as empresas vão ter dúvidas sobre o risco a que expõem os investidores” e podem optar por investir noutra área geográfica.

O Brasil descobriu há vários anos um conjunto vasto de reservas no pré-sal, uma espécie de camada por baixo do fundo do mar, a 7 quilómetros de profundidade, ou mais, e as autoridades angolanas estão esperançadas, alicerçadas numa tese geológica que diz, em resumo, que há semelhanças entre as costas do Brasil e de Angola neste âmbito, que o off-shore angolano seja igualmente rico nestes recursos naturais.

/Lusa

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