Ângela engravida do marido, que morreu há 3 anos. É o primeiro caso em Portugal

Ângela Ferreira / Instagram

Ângela Ferreira com o falecido marido, Hugo.

Ângela Ferreira, que lutou pela legalização da inseminação post mortem, anunciou esta segunda-feira que está grávida.

A mulher recorreu ao Instagram para dar a boa-nova, que chega após “anos de luta para aqui chegar” e um processo “longo e doloroso”.

O marido de Ângela, Hugo, morreu em 2019, vítima de cancro, com apenas 29 anos de idade.

Antes de falecer, Hugo criopreservou o sémen e manifestou a sua vontade de ter um filho com Ângela, mesmo que morresse.

“O Hugo fez a preservação do sémen antes dos tratamentos porque queria ser pai. Não autorizou a doação para o banco público, fez preservação apenas para uso pessoal”, explicou Ângela, na altura.

Agora, Ângela Ferreira torna-se a primeira mulher em Portugal a engravidar após a morte do pai da criança.

Em declarações à TVI, a cabeleireira natural do Porto explicou que o processo não foi fácil.

Depois do insucesso da primeira tentativa, Ângela fez um novo tratamento no Hospital de São João, em outubro do ano passado, que originou cinco embriões viáveis. Foi um destes embriões que, em dezembro, resultou na gravidez agora anunciada.

Desde a morte do seu companheiro, Ângela Ferreira tem sido o rosto da batalha pela legalização da inseminação post mortem em Portugal.

A sua história foi dada a conhecer numa série documental da TVI, em 2020, que levou à mudança da lei de procriação medicamente assistida.

Tudo começou com uma petição, que depois evoluiu para uma iniciativa legislativa de cidadãos, que foi a votação na Assembleia da República. Com o apoio de PS, Bloco de Esquerda e PCP, a lei foi eventualmente alterada em março de 2021.

A lei chegou a ser vetada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas acabou por ser promulgada em novembro de 2021.

Daniel Costa, ZAP //

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