Ativista pró-independência Andy Chan detido em Hong Kong

VOA / Wikimedia

Andy Chan, ativista pró-independência e líder do Partido Nacional de Hong Kong (HKNP)

Oito pessoas, incluindo o ativista pró-independência Andy Chan, foram detidas na quinta-feira em Hong Kong durante uma rusga policial, num momento em que a ex-colónia britânica atravessa uma grave crise política.

De acordo com um comunicado da polícia de Hong Kong, sete homens e uma mulher foram detidos na quinta-feira à noite num edifício industrial em Sha Tin, no norte do território, sob acusações de posse de armas e posse ilegal de explosivos.

Apesar de a nota de imprensa não identificar os suspeitos, fonte policial garantiu à France-Presse (AFP) que o ativista pró-independência Andy Chan era um dos oito detidos. “Foi detido e uma bomba de gás foi apreendida”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Em resposta ao comunicado da polícia, centenas de manifestantes reuniram-se à porta de duas esquadras, durante toda a noite, exigindo a libertação dos ativistas.

O Partido Nacional de Hong Kong (HKNP), um pequeno partido pró-independência liderado por Chan, foi proibido pelas autoridades em setembro do ano passado, por motivos de “segurança nacional”.

Foi a primeira vez desde a transferência de soberania de Hong Kong, em 1997, que um partido político foi dissolvido desta forma. Apesar de o HKNP ter apenas um punhado de membros, o seu caráter independentista provocou a fúria das autoridades chinesas.

Pouco tempo depois, o Executivo de Hong Kong recusou-se a renovar o visto do jornalista do Financial Times Victor Mallet, que tinha convidado Chan para uma conferência no Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC).

A proibição do HKNP e a decisão sobre Mallet foram vistos como dois exemplos de um declínio das liberdades em Hong Kong.

Ritchie B. Tongo / EPA

O conselheiro de Estado da China, Yang Jiechi, acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de “atiçarem as chamas” nos protestos, visando minar a prosperidade, estabilidade e segurança da região.

“É preciso salientar que os Estados Unidos e outros Governos ocidentais (…) estão constantemente a alimentar as chamas da situação em Hong Kong. A China expressa indignação e firme oposição e exige que parem imediatamente de interferir nos assuntos de Hong Kong.”, disse Yang, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A chefe do Executivo, Carrie Lam, e outras autoridades e diplomatas chineses fizeram acusações semelhantes, enquanto o chefe do sindicato da polícia de Hong Kong pediu uma investigação sobre o alegado papel dos EUA nos protestos.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, descreveu estas alegações como “ridículas”. “Acho que os protestos são da responsabilidade exclusiva do povo de Hong Kong e julgo que estão a exigir que o Governo os ouça”.

Já o Presidente norte-americano, Donald Trump, considerou tratarem-se “de motins” e indicou que os EUA vão ficar de fora de um assunto que afirmou ser “entre Hong Kong e a China”.

Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social, com milhares de pessoas nas ruas contra uma proposta de lei que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

ZAP // Lusa

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