A vitória contra uma das melhores equipas do mundo não foi propriamente um escândalo, para quem vê os jogos de andebol do Sporting.
O FC Porto dominou o andebol ao longo dos últimos 15 anos. Com 11 títulos nesse período, chegou a “passear” pelo campeonato português, foi vista como uma das melhores equipas da Europa e era a base da selecção portuguesa – que facilmente tinha sete jogadores em campo, os sete do FC Porto.
Na época passada os portistas, que neste domínio ultrapassaram o Sporting como clube com mais campeonatos, queriam chegar a mais um “penta”. Mas, mesmo na última jornada, perderam em Alvalade e foi precisamente o Sporting a sagrar-se campeão nacional.
Foi o dia que começou a confirmar o novo cenário: o Sporting passou a ser a equipa a temer. Em Portugal e não só.
Por cá, e ainda numa fase muito precoce do Andebol 1, o Sporting lidera o campeonato. Quatro jogos, quatro vitórias – tal como FC Porto e ABC, diga-se. O Sporting está na frente porque tem mais golos marcados; mesmo muitos golos (já lá vamos).
Na Liga dos Campeões, o Sporting tem três jogos e… três vitórias.
A mais recente terá surpreendido meia Europa: nesta quarta-feira, em Lisboa, o Pavilhão João Rocha viu um triunfo histórico do Sporting, que bateu o Veszprém por 39-30.
Para os menos atentos, o campeão húngaro Veszprém é “só” uma das melhores equipas da Europa. Talvez o maior candidato a ser campeão europeu, ao lado do Barcelona. Três vezes finalista da Liga dos Campeões na última década.
Perante este adversário, uma vitória do Sporting com 39 golos marcados, e sobretudo com nove golos de diferença – é um escândalo? Nem por isso.
Espreitemos os resultados dos sete jogos do Sporting até agora, desde que o campeonato começou: ganhou sempre, marcou sempre mais de 34 golos em cada jogo, e a margem mais pequena foi de cinco golos, num jogo da Liga dos Campeões contra o Wisła Płock.
Repetimos: no mínimo marcou 34 golos, rondou (ou ultrapassou mesmo) sempre a marca dos 40 golos marcados. Sempre com margem confortável. E com três jogos de Liga dos Campeões pelo meio.
Para trás, a conquista da Supertaça com vitórias esclarecedoras – por 11 e 16 golos, respectivamente – frente aos poderosos ABC e Benfica. Aliás, nas duas vezes que defrontou o vizinho, venceu o Benfica por 16 golos de diferença.
Só perdeu uma vez até agora: contra o campeão europeu Barcelona, na final da Supertaça Ibérica.
É uma “máquina”. Vai “atropelando” adversários, muito à base do que fazem os irmãos Costa (Martim e Francisco), além dos também internacionais portugueses Diogo Branquinho, Pedro Portela e Salvador Salvador. Também se destacam os espanhóis Jan Gurri, Natán Suárez ou Mamadou Gassama, o islandês Orri Þorkelsson, além do sueco William Hoghielm. Lá atrás, os guarda-redes André Kristensen e Mohamed Aly dão segurança.
É cedo para saber se o Sporting vai “passear” no campeonato português ou se vai atingir um patamar europeu que nem o recente FC Porto atingiu.
Mas a amostra promete.