Ameaças de morte a Meloni. Companheiro diz que mulheres não devem beber para não serem violadas

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Ciro Fusco / EPA

Manifestação em Caivano

Mensagens fortes antes de uma visita à zona de Nápoles. O seu companheiro, Andrea Giambruno, “aqueceu” ainda mais o assunto.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, recebeu ameaças de morte antes da sua programada visita na quinta-feira (hoje) a Caivano, uma cidade assolada pelo crime, perto de Nápoles, onde estão a ser cortadas prestações sociais a pessoas de baixos rendimentos.

Entre as mensagens nas redes sociais para a primeira-ministra italiana encontra-se uma de uma mulher em Nápoles que aconselhava Meloni a ficar em casa, criticando-a pela eliminação progressiva dos rendimentos mínimos de sobrevivência — uma das causas para as ameaças.

Uma outra mensagem diz que os moradores locais deveriam “cumprimentar a pescadora Meloni com tomates podres por ter retirado o rendimento de sobrevivência do grupo de pessoas que vive precariamente nessas áreas”. Uma outra mensagem diz que esperava que Meloni saísse da sua visita com marcas físicas no corpo, “para entender os problemas que causou”.

Meloni deverá visitar Caivano, uma cidade conhecida pelos seus elevados índices de criminalidade e tráfico de droga, onde no passado mês duas primas de 12 anos foram violadas por seis jovens.

Após o anúncio da visita, as redes sociais revelaram várias mensagens intimidatórias contra Meloni, a pretexto do corte de apoios públicos a setores da população que recebem rendimentos mínimos de sobrevivência.

Estas mensagens de ameaças já provocaram reações de solidariedade de vários quadrantes políticos, desde a direita à esquerda. Elly Schlein, líder da oposição em Itália pelo Partido Democrático (centro-esquerda), disse que essas ameaças são intoleráveis.

“Mensagens de intimidação, incitação ao ódio e à violência não devem ter lugar numa democracia e encontrarão sempre a mais forte condenação de todo o Partido Democrata”, disse Schlein, juntando a sua voz à de outras reações de condenação às ameaças à chefe de Governo italiano. Meloni já agradeceu a todos aqueles que têm manifestado a sua solidariedade perante as ameaças.

“Agradeço a todos os que manifestaram a sua solidariedade face às ameaças recebidas perante a minha visita a Caivano. (…) A intimidação não impedirá a nossa presença ao lado dos muitos cidadãos que exigem segurança e um futuro melhor para os seus filhos“, disse Meloni, numa mensagem nas redes sociais.

“Não bebam”

Precisamente na sequência das violações em Caivano, o companheiro de Giorgia Meloni, Andrea Giambruno, “aqueceu” ainda mais este assunto.

Num programa televisivo que apresenta, Andrea deixou a sugestão às mulheres: se não beberem, provavelmente não serão violadas.

“Se vai sair à noite, se vai dançar, tem todo o direito de ficar bêbada. Mas se evitar ficar bêbada e se não perder a consciência, talvez também evite meter-se em problemas, porque depois pode encontrar o lobo”, comentou.

Mais à frente reforçou: “Se quer evitar a violação, acima de tudo não perca a consciência” – e assegurou que condena os violadores, os “lobos”.

As críticas multiplicaram-se, quer entre políticos, quer nas redes sociais. O
partido Movimento Cinco Estrelas, por exemplo, escreveu: “São palavras inaceitáveis e vergonhosas, representando uma cultura retrógrada e dominada pelos homens“.

Andrea Giambruno não pede desculpas: “Se eu tivesse dito algo errado, teria pedido desculpas, mas não é o caso. E nunca haverá um dia em que um político me diga o que dizer”.

“Eu disse que a violação é um acto abominável. Tomei a liberdade de dizer aos jovens para não saírem de propósito para se embebedarem e usarem drogas. Aconselhei-os a terem cuidado porque, infelizmente, os bandidos estão sempre por aí. Eu nunca disse que os homens têm o direito de violar mulheres bêbadas”, explicou.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Um encenação levada a cabo pela Sr.ª Primeira-Ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o dr. Andrea Giambruno, para desviar as atenções quanto ao grave problema da deslocação de Estrangeiros para o território Italiano (emigração e tráfico de Seres-Humanos), que atingiu números elevadíssimos desde que Sr.ª Primeira-Ministra da Itália, Giorgia Meloni, tomou posse, assim como a grave crise económica, laboral, e social, que afecta os Italianos.

  2. Há duas Itálias, a do norte e a do sul.
    Na Itália do Sul, só há miséria e máfia.
    As prestações sociais são uma forma de controlar a miséria e limitar a influência da máfia, pois com menos miseráveis haverá menos jovens a entrar no mundo do crime.
    A Meloni agora ficou com um melão…

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