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Amazónia: pesca ilegal e desflorestação associados a paraísos fiscais

Esta segunda-feira, cientistas pediram uma maior transparência no uso de paraísos fiscais por empresas envolvidas em atividades que prejudicaram os oceanos e a floresta tropical da Amazónia.

Num estudo publicado na Nature Ecology and Evolution, os cientistas revelaram que várias empresas envolvidas na pesca ilegal em todo o mundo usaram paraísos fiscais para registar as suas embarcações. Além disso, descobriram ainda que os investimentos na agricultura que têm danificado a floresta tropical surgem, normalmente, associados a contas offshore.

Os cientistas adiantam que 70% das embarcações de pesca implicadas na pesca ilegal foram registadas num paraíso fiscal, como o Belize ou o Panamá. Pelo contrário, apenas 4% de todas as embarcações registadas têm bandeiras de paraísos fiscais.

O estudo cita documentos do banco central brasileiro que mostram que quase 70% do capital estrangeiro investido pelas grandes empresas de soja e carne no Brasil, entre 2000 e 2011, seguiram para paraísos fiscais.

De acordo com o Público, as autorizações para a utilização de terras para agro-pecuária e cultivo de soja têm sido “desencadeadores de desflorestação”, especialmente nos primeiros anos do período. O estudo destaca que a maioria dos fundos na agro-pecuária e no cultivo de soja foram enviados a partir das ilhas Caimão, Bahamas e Holanda.

Victor Galaz da Universidade de Estocolmo, na Suécia, disse à Reuters que “no caso da indústria da pesca, há exemplos de uso ilegal de paraísos fiscais”. “Falamos de evasão fiscal.”

Embora não haja nada de ilegal em usar um paraíso fiscal para canalizar dinheiro para as quintas no Brasil, Galaz afirma que podia funcionar, às vezes, como um subsídio indireto a práticas nefastas para o ambiente.

O relatório não divulgou empresas envolvidas nestas práticas, mas a equipa de cientistas escreveram às empresas listadas nos documentos do banco central, que mostraram que as empresas Cargill e Bunge tinham o maior número de empréstimos ou dinheiro proveniente de paraísos fiscais.

Ambas as empresas afirmaram estar comprometidas na proteção do ambiente. “Não escondemos lucros ou dinheiro em paraísos fiscais”, respondeu um representante da Cargill. “A nossa empresa dá ao Governo norte-americano autorização para aceder às atividades e contas bancarias, associadas a empresas holding fora dos Estados Unidos.”

ZAP //

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