Álvaro Siza Vieira está triste com Portugal

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d.r. Fernando Guerra

Álvaro Siza Vieira

Apesar de referir que não tem interesse em ser consagrado, Álvaro Siza Vieira lamenta que não seja reconhecido em Portugal nem chamado mais vezes para projetos dentro do país.

Álvaro Siza Vieira confessou-se triste por não ter reconhecimento em Portugal.

Numa entrevista ao Jornal de Notícias, publicada esta quinta-feira, o arquiteto de 91 anos referiu que não pretende consagrado, mas lamenta ausência de convites.

“Sou convidado para pouquíssimos trabalho em Portugal”, apontou.

Numa das últimas ocasiões em que isso aconteceu, na construção das estações do MetroBus do Porto, Siza Vieira foi criticado por Rui Moreira.

O presidente da Câmara do Porto disse que as construções levadas a cabo pelo arquiteto pareciam “ter sido feitas pelo Obélix”.

Siza Vieira não quis a falar sobre as declarações de Rui Moreira – e quando questionado sobre a razão pela qual as propostas para trabalhar em Portugal eram escassas o motivo pareceu-lhe óbvio: “não gostam do meu trabalho”.

O afamado arquiteto internacional diz que, se “sobrevive”, não é graças a Portugal, mas sim porque continua a ser chamado para trabalhar no estrangeiro: “Todos os funcionários do meu escritório sobrevivem porque há uns 15 anos que sou chamado para trabalhar com continuidade no Oriente – na China, na Coreia -, mas em Portugal não”.

“Não sei se é entendimento, mas existe um interesse muito maior fora. Este escritório sobrevive porque há trabalho fora, concretamente da China, Coreia, Japão, Albânia, Nova Iorque, Itália ou Espanha…”, voltou a sublinhar mais à frente na entrevista.

Siza Vieira falou sobre a urgência de se focarem os projetos na habitação social.

“Hoje fala-se pouco da habitação social, a não ser na declaração de programas”, lamentou, na esperança de que, entretanto, essa discussão se manifeste.

“Em Portugal houve um despontar desse espírito de serviço generalizado depois do 25 de Abril, simbolicamente depois da mudança política, mas durou pouco mais de dois anos. Eu e os outros arquitetos que participámos nesse trabalho fomos declarados incompetentes irresponsáveis e ficámos pura e simplesmente sem trabalho”, contou.

Siza Vieira apontou, precisamente, esse o marco que o obrigou a virar-se para o estrangeiro: “Desde aí, o meu trabalho realmente é fora de Portugal. Por cá, é pontual, com muitos constrangimentos e com seguimento precário, com mudanças de programa e medidas em desacordo com a opinião do arquiteto”.

“Posso dizer, por exemplo, que em relação à recuperação do Pavilhão de Portugal o tratamento que me foi dado após a decisão de ser destinado à reitoria da Câmara foi indescritível”, lamentou Siza Vieira.

ZAP //

2 Comments

  1. Mas alguém tem reconhecimento em Portugal? Só o Ronaldo e pouco mais….que novidade…um povo na sua maioria mediocre, egoísta, avesso à meritocracia, avesso ao conhecimento, onde é que está o espanto? Não é por acaso que os portugueses de sucesso estão todos fora do país….Em Portugal é só politiquice barata e corrupta e futebol, e é isso….

  2. Sr.º Arquitecto, Siza Vieira, o maior reconhecimento que pode ter é dos Portugueses, e isso está garantido.
    Em relação ao metro-autocarro («metrobus»), o problema não está nos cobertos desenhados pelo Sr.º Arquitecto, Siza Vieira, mas sim no projecto da Sr.ª Arquitecta, Joana Barros, que foi mal concebido deformando e atrofiando as Avenidas da Boavista e de Marechal Gomes da Costa, com passeios e vias de trânsito sem as dimensões correctas que prejudicam a circulação de peões e fluidez do trânsito, e a subtracção dos lugares de estacionamento que vai prejudicar os Portuenses, o comércio, serviços, e empresas.
    É um projecto mal concebido, mas a arquitecta não tem culpa de ser medíocre, o verdadeiro culpado é o Executivo do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» que aprovou e autorizou um projecto desnecessário.

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