Algo muito estranho aconteceu no acelerador de partículas do CERN

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rupertomiller / Flickr

Detalhe do LHC, Large Hadron Collider, acelerador de partículas do CERN

No CERN, sede do Grande Colisor de Hadrões, os cientistas observaram uma das interações de partículas mais raras alguma vez detetadas, o que poderá levar a novos conhecimentos sobre as leis fundamentais da física.

O evento, que faz parte da experiência NA62, envolveu o decaimento de uma partícula subatómica chamada kaon, que foi medida com uma precisão sem precedentes.

Os kaons, também conhecidos como mesões K, são partículas constituídas por dois quarks. Na experiência, os investigadores concentraram-se nos kaons carregados, compostos por um quark up e um quark anti-estranho.

O raro decaimento observado envolve a decomposição do kaon em três partículas: um pião, um neutrino e um anti-neutrino. Este decaimento é incrivelmente raro, ocorrendo apenas em cerca de 13 casos em 100 mil milhões.

A raridade deste decaimento torna-o um teste fundamental para o modelo padrão da física de partículas, que prevê este tipo de interação. O modelo padrão é a teoria predominante que explica como as partículas subatómicas se comportam e interagem.

O decaimento do kaon, conhecido como o “canal dourado”, foi previsto com grande exatidão pelo modelo. Esta observação oferece uma oportunidade para confirmar ou desafiar a teoria, escreve o Futurism.

Como explicou Cristina Lazzeroni, uma física envolvida na investigação, “se medirmos um desvio do [modelo padrão], é um sinal claro de nova física”.

A experiência envolveu a utilização do Super Proton Synchrotron do CERN para criar feixes de protões de alta intensidade. Estes protões colidiram com um alvo estacionário, produzindo partículas secundárias, incluindo kaons, que foram depois monitorizados de perto por um detetor. Os cientistas conseguiram então captar o decaimento dos kaons carregados.

Curiosamente, os resultados mostraram que este raro decaimento do kaon ocorreu cerca de 50% mais frequentemente do que o previsto pelo modelo padrão. Embora esta discrepância seja significativa, não refuta imediatamente o modelo.

Há ainda a possibilidade de os resultados observados serem compatíveis com o modelo padrão, dadas as incertezas envolvidas. No entanto, os resultados são os mais exatos até à data.

A raridade deste decaimento do kaon já tinha sido observada anteriormente, mas esta é a primeira vez que foi medida com tal certeza estatística. Os resultados foram confirmados com um nível de significância de cinco desvios-padrão, ou cinco sigma, o que significa que há apenas 0,00003 a 0,00006% de hipóteses de se tratar de um acaso estatístico.

“A procura de indícios de nova física neste decaimento requer mais dados, mas este resultado é um salto em frente e reforça ainda mais o forte interesse nesta linha de investigação”, salientou Karim Massri, o coordenador de física do NA62.

ZAP //

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9 Comments

    • Caro leitor,
      Não é impressão sua, nem um portal. Aparece efetivamente uma pessoa através da abertura interior do segmento do acelerador que foi fotografado.
      Pode ver a fotografia com mais detalhe neste link.

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  1. E nisto que dá, ignorantes científicos escreverem artigos sobre ciencia com recurso a traduções directas. O resultado é escreverem idiotices inexistentes.

    Meus caros, este “decaimento” é a coisa mais absurda que já li no vosso artigo. não existe nenhum decaimento existe sim uma desintegração ou decomposição, dependendo da aplicação. Neste caso o mais correcto seria por exemplo:

    Em vez deste absurdo – A raridade deste decaimento torna-o um teste fundamental – deveria ser – A raridade desta decomposição, torna-o um teste fundamental

    Neste caso, em vez deste absurdo – A raridade deste decaimento do kaon já tinha sido observada anteriormente – deveria ser – A raridade desta desintegração do kaon já tinha sido observada anteriormente

    Perceberam a diferença, ou preciso que eu faça um desenho?

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    • Caro leitor.
      Obrigado pelo seu reparo.
      O ZAP não é uma revista científica, é um jornal generalista que tem o gosto e orgulho de dar a conhecer aos seus leitores os mais variados temas de ciência — dos mais mundanos que muitos jornais abordam, aos mais crípticos que poucas vezes encontramos noticiados em português. Atrevemo-nos a falar de mecânica quântica, neurociência, ou astrobiologia, sempre que nos apetece e achamos interessante ou pertinente levar o assunto aos nossos leitores.
      Não somos físicos, nem paleontólogos, nem geoengenheiros. Procuramos estudar minimamente os temas que noticiamos, mas cometemos, ocasionalmente e inevitavelmente, erros e incorreções.
      Temos felizmente leitores informados, que sabem mais do que nós, e que fazem o favor de nos apontar essas imperfeições e de sugerir as respetivas correções. Os detalhes importam.
      A maior parte destes nossos leitores tem a capacidade de nos corrigir sem recorrer ao insulto, e não sentem necessidade de o fazer da forma arrogante que usou no seu comentário.
      Escolheu chamar-nos ignorantes, usou a palavra “idiotices” e a palavra “absurdo” (três vezes), para nos apontar um erro na notícia: usámos a expressão “decaimento” em vez de “decomposição ou desintegração”.
      E essa sua escolha diz muito mais acerca de si do que acerca de nós.

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    • Um pouco mais de boa educação seria bem vindo. Poderia V. Exa. simplesmente apontar o erro de forma a elucidar os leitores e o autor da peça. Quando sabemos mais acerca de um assunto específico, procuramos ajudar, clarificar, e não enxovalhar e insultar. Felizmente, o seu lamentável comportamento não é regra na comunidade científica.

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    • O verbo decair existe no portugues, dá palavras como decadência. Assim decaimento não é incorrecto e é a tradução directa do inglês embora os termos mais comuns na comunidade portugusa sejam degradação ou desintegração.

      • Caro leitor,
        Obrigado pelo seu comentário.
        Na verdade, o termo “decaimento” é pouco comum na língua portuguesa, mas é um termo comum e correto em linguagem científica, quando nos referimos à alteração de propriedades de um elemento por perda de uma partícula ou por decomposição química — razão pela qual o mantivémos no texto.

  2. Bem,
    Depois aparece um iluminado com comentários sem um mínimo de discernimento como o do Francisco Lopes Santos.
    Uma pessoa normal ( mesmo normal) entenderia que não é possível colocar um cientista em cada meio de comunicação armado em repórter.
    Fica o resumo,mesmo que desviado passou a ideia correta. Com ou sem degradação decaída resultante.
    Abracinhos apertados nesse Cérebro Pensadeiro
    Aiiii humanidade,….

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