Presidente da Câmara de Gondomar – que também é bombeiro – critica a falta de meios em vários pontos do Norte: “O Governo existe?”.
O presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins, afirmou esta madrugada estar difícil o combate aos incêndios que lavram naquele concelho do distrito do Porto e que são várias as frentes ativas.
À Lusa, o autarca reforçou que “a situação está complicada” e que o fogo “está em várias frentes” do concelho.
Algumas habitações na zona de Branzelo, em Melres, concelho de Gondomar, foram evacuadas e a população retirada devido à proximidade das chamas, avançou à Lusa o comando-geral da GNR.
A GNR não conseguiu, no entanto, precisar quantas habitações foram abandonadas.
Contactada pela Lusa, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) avançava, pelas 00:50, que uma casa tinha ardido naquela zona, dizendo desconhecer se seria uma primeira habitação.
De acordo com a página da ANEPC, pelas 03:00, as chamas eram combatidas por 186 operacionais, apoiados por 42 viaturas.
Ao início da noite, Marco Martins, tinha dito à Lusa que as zonas de Melres e do Covelo eram as mais preocupantes no concelho.
Ao final da tarde, o autarca afirmou também que a participação de meios aéreos, prevista para terça-feira, no combate aos incêndios que lavram no concelho irá depender do comportamento do vento durante a noite.
“A participação de meios aéreos no combate às chamas na quarta-feira vai depender para onde o vento empurrar o fumo durante a noite”, explicou o autarca, à margem de um balanço sobre a evolução dos incêndios em Gondomar.
Marco Martins referiu ainda a previsão de um comportamento positivo do vento para as horas seguintes, afirmando ser “fundamental que houvesse, não só em Gondomar, como em Baião, Marco de Canaveses e em Santo Tirso, para os meios aéreos poderem atuar [hoje], porque eles já cá estiveram várias vezes, mas não conseguem atuar porque não têm teto nem condições de segurança”.
Ajuda não chegou
Marco Martins criticou o Governo pela falta de resposta ao pedido de apoio para o combate aos incêndios, apelando a que olhe para o distrito.
O autarca deu conta que os meios que estão no terreno estão exaustos e que o reforço que existia foi colocado nos fogos na região Centro.
Questionado se tinha pedido reforço de meios, o autarca respondeu: “Já fiz o pedido enquanto presidente distrital da Proteção Civil, aliás estou à espera. Nem sei se o Governo ainda existe”.
“Ninguém do Governo me contactou até este momento. E isto não tem a ver com política, porque trabalhei com governos do PS e o do PSD de Passos Coelho e sempre tive contactos. Até este momento, não obstante já ter enviado mensagens à ministra [da Administração Interna], ninguém do Governo, secretário de Estado me contactou”, acrescentou.
Para Marco Martins, “o Governo tem de olhar também para o distrito do Porto”.
O presidente da Câmara de Gondomar – que também é bombeiro – explicou à RTP que não chegou ao Norte a ajuda que deveria vir do Sul do país: “Quem decide os meios a nível nacional, deveria deslocá-los mais para Norte”.
“Neste momento temos no distrito do Porto – Marco de Canaveses, Amarante, Baião – zonas a arder livremente há várias horas sem qualquer meio terrestre”.
“Não há nenhum grupo de reforço. Os grupos de reforço que vieram do Sul do país – Algarve e Alentejo – não passaram de Leiria e de Coimbra para cima. Não compreendo”, atirou o autarca.
“Os homens estão exaustos, não conseguem fazer mais. A população tem sido incansável”, acrescentou.
ZAP // Lusa